O ACESSÓRIO III: Depois vem «o caso das cassetes», de imediato transformado numa violação do segredo de justiça (coisa que só incomoda quando incomoda...). A acreditar no best of publicado pelo Independente, fica-se sem se perceber qual o segredo que ali estaria a ser violado por qualquer dos intervenientes nas conversas telefónicas, dado que elas se resumiam a situações que eram já do domínio público e não se descortina (o defeito poderá ser meu) que informação desconhecida terá sido passada por algum responsável. Talvez, com algum jeito, se avente aqui ou ali uma ou outra mensagem menor e insignificante na generalidade do caso, mas nada de relevante.
Fica-se apenas a saber que um Director da PJ fala irreflectida e disparatadamente com um jornalista seu amigo sobre assuntos que não devia debater e que a assessora para a imprensa do Procurador-Geral (ela própria uma jornalista) faz o mesmo (embora aqui as suas funções fossem exactamente falar com a imprensa). Se aquilo era o best of, valia de muito pouco. Bem menos do que outras gravações já vindas a público e que incluíam factos e personalidades muito mais marcantes da nossa vida política. E calão, o que dá sempre uma graça. Mas sobre o principal, zero.
O ESSENCIAL III: Acontece que, neste caso, o principal não é tão limitado como isso: temos um jornalista (cuja carreira certamente terá terminado) que grava as conversas que mantém com as suas fontes, sem as avisar, e que guarda descuidadamente os respectivos registos ad eaternum, sem justificação; temos um jornal (cujas fontes certamente diminuirão drasticamente) que não possui medidas mínimas de segurança para proteger os seus registos ou os dos seus colaboradores (bastaria um cofre); e um jornal (o mesmo) de onde qualquer coisa pode ser furtada.
Temos uma comunicação social em crise (só talvez o DN e o Expresso compreenderam verdadeiramente este perigo) porquanto as inúmeras fontes que claramente possuía irão desaparecer ou reduzir-se substancialmente nos próximos tempos (e nunca mais serão oferecidas pelo telefone...); temos um outro jornal que publica registos alegadamente furtados, temos um político que reaparece das cinzas para uma vez mais se insurgir contra os mensageiros e contra a alegada violação do segredo de justiça (sobre a qual tem uma particular posição, sobejamente conhecida), mais do que contra a mensagem propriamente dita.
Enfim, temos mas é a nítida e impressiva sensação de que, passados trinta anos, tudo o que se passa é só fumaça, é só fumaça... Desta ver para atacar a credibilidade de um processo judicial, isso não há dúvida nenhuma: mas querem enganar quem?
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