O ÚLTIMO DOS MOICANOS: Embora não me reveja nas opiniões políticas de Manuel Alegre, não posso deixar de manifestar a minha admiração por um democrata que se move por ideais, defende convicções e assume corajosamente a luta por aquilo que julga estar certo. Sendo um caso raro nos tempos que correm, não deve ser fácil para "Rafael" confrontar-se com os "reis do charme mediático", Santana e Sócrates.
Estes últimos são mestres a cavalgar a verdadeira locomotiva do poder neste país: os media e, sobretudo, a televisão. Santana fá-lo de uma forma natural. Sócrates também o faz, embora revelando muito trabalho, de pose e de discurso, para chegar onde chegou. Um charme mediático natural versus um enlatado. De qualquer modo, nenhum serve ao país.
A tendência política actual aponta - graças a Deus - para o sacrifício da ideologia em prol da boa governação. No entanto, tem que existir um "conteúdo político" que norteie as opções de cada um. E é muito importante conhecer o "conteúdo político" dos nossos lideres políticos, nos casos em que esse conteúdo exista, ou então conhecer mesmo a ausência desse conteúdo nos restantes casos.
Por outras palavras, no cenário político actual Manuel Alegre pouco poderá fazer contra as máscaras mediáticas, que servem perfeitamente num cenário de administração ordinária. Mas, num cenário de crise total, o país não pode ficar entregue a um fantasma (a memória de Sá Carneiro) ou nas mãos de um qualquer autor cujas citações figurem no Larrousse. Tem que ficar nas mãos de políticos de carne e osso e... com conteúdo político conhecido. Por isso, será natural que muitos políticos (?) passem e Manuel Alegre fique.
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