SILÊNCIOS ESPERADOS: Numa altura em que todos ainda se lamentam de alguma falta ânimo e brio nacionais, percebe-se mal que grande parte da comunicação social portuguesa não dê, não tenha dado nem ande a dar o natural e merecidíssimo relevo àqueles nossos que tanto se destacam nos seus misteres que acabam por ser reconhecidos lá fora (quando cá nem por isso, ou nem por todos). O destaque tanto pode ser por jogar à bola como ao berlinde, pelo salto à vara ou em comprimento, pela excelência do pastel de nata ou do bolo de bacalhau: o destaque pode ser qualquer um, o silêncio é que não se compreende.
Claro, dir-se-á: ninguém é profeta na sua terra, o que justificaria que a nossa comunicação social não reconhecesse o devido valor aos nossos, até para não ser acusada (infundadamente) de alguma preferência, que alguns certamente apelidariam de desonesta ou mesmo de criminosa. Mas o argumento cai pela base quando não explica que não se dê o devido eco quando o aplauso é supranacional: sendo os outros a reconhecerem e a premiarem o valor dos nossos, a notícia do facto não pode constituir fundamento para a dita acusação (que viria, não tenhamos dúvidas) de parcialidade.
Tudo indica, antes, estarmos perante mais uma manifestação nacional de inveja, muito própria de um país onde se premeia e distingue a inferioridade ? desde que se peça perdão - e se proíbe o destaque pelo puro mérito e esforço.
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