SINAL DOS TEMPOS: Nos últimos dias de férias, torna-se difícil deixar de antecipar o regresso à dura realidade. É um processo mental quase inconsciente em que diversos actos ou factos nos remetem para o quotidiano que, até então, se encontrava convenientemente em off.
Assim, passeando tranquilamente ao longo da marginal, saboreando a doce brisa marítima, eis que se apresenta uma vetusta Volkswagen, anunciando um não menos jurássico circo que já conheceu melhores dias. Logo se avivou a memória da infância, da novidade que foi poder ver pela primeira vez leões, tigres, zebras, orangotangos e elefantes, entre outros animais selvagens. No entanto, a grande atracção é agora outra: "... o Circo "X" orgulha-se de apresentar o homem mais pequeno do mundo!" A grande vedeta circense dos tempos que correm é um anão. O maior (portanto, o menor) de todos.
Presumo que se trate de um português, cujo tamanho foi sendo progressivamente (ou regressivamente) reduzido, acompanhando fisicamente o desaparecimento da floresta, a degradação da justiça e da sociedade em geral, a diminuição do seu poder de compra e o seu doloroso afastamento económico relativamente aos seus semelhantes de outros países da UE, cada vez maiores.
Enquanto continuava o meu passeio, perguntava a mim próprio se aquele circo ainda teria palhaços.
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