BOA EDUCAÇÃO: A progressiva degradação do nível educacional da população estará na origem da nossa degradação como país, a todos os níveis, cada vez mais afastados dos índices civilizacionais europeus. Penso que a face mais visível dessa degradação é a cultura da desresponsabilização que vem reinando nas últimas décadas, a qual se reflecte no não funcionamento da justiça, no não funcionamento das instituições públicas, em geral, na baixa produtividade (um contrato de trabalho é encarado por um português da mesma forma que um alemão encara a reforma, tal a super protecção legal do trabalhador), na má qualidade do ensino, etc. A triste verdade é que os portugueses deixaram de acreditar na responsabilidade, já que esta raramente acontece - seja a responsabilidade política, seja a jurídica. E assim, resta-lhes um individualismo feroz, uma cultura de salve-se quem puder ou mesmo e apenas um profundo desinteresse (esgotado o desencanto dos primeiros anos) por tudo o que diga respeito à comunidade.
É sabido que a boa formação de qualquer pessoa será tanto melhor consoante a melhor qualidade dos exemplos que tenha a sorte de usufruir em casa e na escola. Transportando a realidade da pessoa para a população como um todo, a boa formação da população será tanto melhor consoante a qualidade do exemplo de quem a governa. Habituada a exemplos como o da recente (não) colocação dos professores, parece-me inquestionável que a população vem sendo providencialmente abastecida pelos seus governantes de motivos mais do que suficientes para não cumprir as suas obrigações ou, pelo menos, para não as desempenhar com o brio e eficiência que a situação do país exigiria.
Por muito que se apontem diversas causas para a balda a que se chegou, parece-me que não haverá muitas dúvidas quanto aos principais responsáveis.
Concordo em absoluto com a análise neptuniana sobre o ponto a que se chegou. Tem sido sempre a rolar pela colina abaixo. Mas responsabilidade ... foi coisa que os portugueses nunca souberam o que era. Passaram directamente do "respeitinho" para o agora-faço-o-que-me-apetece. É sintomática a reacção daquela senhora que, logo a seguir ao 25 de Abril, declarou frente às câmaras que não ia vacinar os filhos porque já não estávamos no fascismo para obedecer a ordens. As palavras falam por si sobre o que foi, desde (quase) sempre, a educação para a cidadania e responsabilidade.
Mar de opinioes, ideias e comentarios. Para marinheiros e estivadores, sereias e outras musas, tubaroes e demais peixe graudo, carapaus de corrida e todos os errantes navegantes.