CRÓNICAS DE TRAGÉDIAS ANUNCIADAS: Quando ruíu a Ponte de Entre-os-Rios, veio a descobrir-se que existiam vários relatórios que alertavam para a degradação dos pilares da ponte. Para além desses relatórios oficiais - que, obviamente, não colheram a devida atenção - também os utentes da referida ponte pressentiam a sua insegurança mas, de alguma forma, acreditavam que a situação não fosse tão dramática e que alguém (o Estado, a entidade pública responsável) velaria para que nada de mal acontecesse.
Num plano social, a generalidade das pessoas também se apercebeu, ao longo das últimas décadas, da progressiva corrosão dos principais "pilares" da comunidade: a evasão fiscal (toda a gente já participou em actos de economia paralela - sem factura - ou foge ou conhece alguém que foge aos impostos), a justiça que não funciona, o sistema de saúde que funciona mal e a degradação da educação em geral - pública e notória nos seus vários agentes, dos alunos aos governantes, passando pelos professores. Até que esses pilares ruíram.
No meio das ruínas em que actualmente nos encontramos ressalta um traço comum a todas estas desgraças: o sebastianismo. Esperar sempre que alguém resolva os nossos problemas. Que o Estado (que não é a comunidade organizada politicamente mas sim uma dezena de indivíduos que exerce o poder) "se mexa". Ora, neste momento, mais do que nunca, penso que o país precisa de uma cidadania activa. De "fazer" e "exigir que se faça" a quem tenha o poder para tal.
Resta saber se, como comunidade, não estaremos reféns da educação ministrada nas últimas décadas, qual "pescadinha de rabo na boca". Se, como comunidade, ainda teremos a capacidade de criticar, agir e exigir, ou se continuamos naquele registo indolente, triste, imobilista, individualista e de "deixa andar" com que nos temos deixado arrastar para o fundo do mar.
"De "fazer" e "exigir que se faça" a quem tenha o poder para tal".
A quem tenha o poder para tal, mas muito principalmente a quem arrecada os nossos impostos com a incumbência de o fazer. Se de tal se revelam incapazes, "obviamente demitam-se".
Daí que me parece não se poderem eximir a "resolver os nossos problemas".
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