FRANCAMENTE CONFRANGEDOR: Enquanto na Rússia as mães choram amargamente pela vida das suas crianças, que se arriscam a ser mortas no interior de uma escola às mãos de um punhado de bárbaros poderosos, em Portugal um punhado de bárbaros grita histericamente na defesa de que faça escola o poder amargo de matar pelas próprias mãos as nossas crianças, no interior das suas mães. Mundo muito complicado, este em que vivemos...
A direita preocupa-se muito com as crianças russas, pelo menos desde o tempo em que garantia que os comunistas as comiam ao pequeno almoço. Mas, quando se trata de liberalizar os despedimentos, já não se preocupa tanto com a situação das crianças portuguesas que vivem nas famílias desempregadas. Nesse momento, são só "custos necessários".
Irra, que a demagogia tem de ter limites ! Que se critique o folclore do barco e as tácticas que lhe estão associadas, acho muito bem, mas que se compare o incomparável é que me tira do sério. Independenetemente da posição pessoal de cada um sobre o aborto, não se pode colocar no mesmo prato ataques a crianças inocentes que têm comprovadamente consciência e noção do que é uma violência ou do que é a dor, com intervenções em embriões sobre os quais a Ciência se divide sobre se são formas de vida ou não. E como a asneira atrai a asneira, seguiu-se nos comentários uma totalmente descabida comparação entre situações de desemprego (sempre de lamentar) e um bárbaro rapto com assassínios. O que mais me preocupa não é a comparação disparatada, mas o que isso revela de falta de critério, de incapacidade para graduar e hierarquizar as questões. Por vezes, ao querermos transmitir uma imagem de sensibilidade, somos traídos e deixamos escapar justamente a ideia contrária.
todas as descobertas científicas, especialmente as mais recentes, relacionadas com os avanços na biologia genética, reforçam o facto de que a vida, num ser humano, aparece no momento em que se forma o primeiro conjunto ordenado de cromossomas, organizados em 23 pares, cada par contendo um cromossoma da mãe e um cromossoma do pai, que ocorre na última fase da meiose. I.e., a primeira célula que resulta da concepção, quando aparece um genoma humano completo.
Isto são factos científicos, é a verdade enquanto a podemos entender no presente, factos não discutíveis nem em termos políticos nem em termos religiosos. Note-se que alguma esquerda anda sempre a tentar contornar isto, dizendo que não se sabe bem marcar o início da vida. Puro EMBUSTE, completa VIGARIÇE, total ALDRABIÇE. A ciência, e eu sou investigador científico de profissão, marca assim o aparecimento da vida humana. Logo, daqui se conclui que a prática do aborto não é mais do que uma pessoa (a mãe), DELIBERADAMENTE, acaba com uma vida humana que não a sua própria. Chamem o que quiserem, mas trata-se de uma pessoa, já crescida - visto que já está em período fértil - que, intencional e conscientemente, por meios próprios ou recorrendo ao auxílio de outrém, acaba com uma vida para a qual, pasme-se, foi sujeito decisivo na sua concepção! (excluo por agora a gravidez por violação).
A defesa do aborto é um triste sinal dos tempos, em que as pessoas acham que podem fazer tudo - neste caso ter relações sexuais - e que não têm que se responsabilizar pelos seus actos, que praticaram livremente, sem qualquer coacção - neste caso o aparecimento de uma gravidez.
Logo, o aborto, nos tempos que correm, em que existem múltiplos e variados métodos de anti-concepção, não se trata mais do que, sem qualquer princípio de respeito pela vida humana, apenas por (por ex.) simples conveniência económica ou imagem social, se decide matar. Peço ao leitor, que se deixe de clichés, de frases feitas, de slogans e de modas de alguns grupos, e que medite se a ordem jurídica portuguesa deve ou não, de forma completa e universal, marcar o princípio da inviolabilidade da vida humana.
Liberalizar o aborto, nos termos em que presentemente se discute, representa um completo RETROCESSO na evolução de uma sociedade que se diz moderna.
Caríssimo NMP, meu Comandante, Raramente respondo aos comentários, por motivos evidentes: falta-me o tempo para contrariar os que me criticam e agradecer aos que me louvam (são apenas dois ou três e julgo até que os conheço). Mas desta vez o Comandante tem razão: as coisas não eram comparáveis: de um lado tínhamos terroristas a defender a morte de crianças, do outro tínhamos as próprias mães a defender as mortes das suas próprias crianças. Como é que eu fui confundir tamanha barbárie?
Não sou da brigada do "politicamente correcto" nem favorável ao aborto, nem tão pouco à entrada do barco em território português. Agora, que essa comparação não faz sentido nenhum, vai-me perdoar a opinião, mas não faz. Aliás, esse radicalismo, e uma afirmação de ânimo tão leve quanto essa, é exactamente o mesmo método dos que escreveram aquelas barbaridades nas portas do Caldas.
Ao senhor "investigador científico" que tem certezas definitivas sobre o momento do início da vida humana (valerá a pena relembrar que, mesmo na definição, ainda estamos, queira a ciência ou não, no domínio das convenções sociais?), gostava de perguntar o seguinte: qual a sua posição, digamos, ético-científica, sobre o estatuto dos chamados embriões excedentários nos processos de fecundação artificial?
Grande e bravo marujo VLX, O que eu quis ilustrar (porventura sem sucesso) é que na discussão da questão do aborto, como na interpretação de actos terroristas ou na análise do desemprego ou de propostas de política económica, não deve valer tudo. Quanto ao mais, e como sabes, tenho o maior repsito pela tua opinião como bem sei que tens pela minha (que, aliás, neste caso está bem longe da dos marinheiros de ocasião). Abraços Nuno
P.S. - O "investigador científico" ia-me levando, não fossem o tom furiosamente dogmático (uma questão de conteúdo) e aquela relação difícil com as cedilhas (uma questão de forma).
Só o sectário, com falta de argumentos convincentes, compara o incomparável para toldar a essência do problema. Já ouvi(li e vi) argumentos válidos dos dois (porque o maniqueismo é o que está a dar!) lados da barricada, mas igualmente já li, vi e ouvi argumentos deste tipo... cada vez mais!
Uma novidade para todos vós: CADA MULHER TEM DIREITO DE FAZER DO PRÓPRIO CORPO AQUILO QUE MUITO BEM ENTENDER, INCLUINDO DECIDIR SE QUER SER MÃE OU NÃO!
Tudo o resto, se a criança é pessoa à semana x ou y ou se a pobre mulher está desempregada ou se a criança vai ser feliz ou vai estar numa instituição até aos h anos, são tretas demagógicas e hipócritas que só podem sair de (in)sensibilidades masculinas.
Paula S. (mãe solteira, que teve o filho porque o quis, mas que acha que as mulheres têm o direito de decidir abortar em absoluta liberdade, mesmo que a justificação seja porque não querem ser mães)
acerca de onde a ciência diz que começa ou não a 'inteligência' (?) ou a 'vida', de alguém acima que não tenho pachorra de procurar para citar: os meus (e provavelmente os seus, caso seja da espécie masculina), dizia: por essa definição, os meus espermatozóides são 'vivos' e têm 'inteligência' (mais que muito ser humano que tenha sobrevivido à ameaça do aborto e chegado à idade adulta), pelo que deveria ser considerada, pela avançada legislação portuguesa, uma ofensa criminal todo e qualquer impedimento dos mesmos em tentar atingir o seu objectivo (e consequente condenação a uma morte fora do local adequado). Da mesma forma, toda a forma de penetração que não utilize a vagina deverá ser severamente punida, visto ainda não estar provada cientificamente a possibilidade de comunicação entre os orifícios vaginal e anal/bocal/narinal/auditivo, facto que impede essa maravilha espécie de vida que dá pelo nome carinhoso de 'cabeçudo' de cumprir o seu breve mas glorioso destino de vida. Ah, e ejaculações para cima da pele: 7 chibatadas, trabalho comunitário e presença obrigatória nos programas da manhã dos canais nacionais para um auto de 'mea culpa, mea maxima culpa'. Um conselho, se querem largar bitaites sobre onde começa ou não começa a vida, informem-se melhor: não utilizem a ciência como arma de arremesso político.
Quanto à comparação enunciada no artigo propriamente dito... palavras para quê. É um artista português. Em Portugal um punhado de bárbaros que se passeia em bons carros e não chega a meio do mês a perguntar-se se terá dinheiro para dar de comer aos filhos até ao final do mesmo aproveita de bom grado as vantagens que a instabilidade na Rússia traz ao honrado e iluminado Ocidente. Há tantas melhores coisas em que empregar o ócio mental de que por estas bandas dispomos, e anda-me esta gente nestes atavismos... valha-nos o senhor, os anjos e os santos (já para não falar da virgem)
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