ISTO ASSIM NÃO É VIVER: Dizia-me ela com uma certeza cósmica: perdi quatro anos da minha vida. Isto porque demorou muito tempo a fazer o luto, como dizem os psis. É curiosa esta nossa ideia de que a vida é um investimento a rentabilizar. Também já a propósito de casamentos infelizes ouvi frases destas, o intervalo temporal do desperdício variando em função do rancor pós-conjugal. Mas Séneca, que inventou a fotografia, explicava que só podemos estar seguros do nosso passado.
O sentimento que desperdiçámos anos da nossa vida é compreensível apenas à luz da tal certeza de que o tempo é nosso, e que por isso tem de ser bem empregue. Como vamos morrer no final de uma vida longa mas curta, as horas têm de ser aproveitadas, e só contam para o campeonato as horas felizes. Claro que um estóico da velha cepa diria aos moços e moças que como nunca sabemos quando a corrida acaba nem como decorre, todas as horas são valiosas, todas são irrepetíveis. Não me parece que fosse ouvido: há muito que dividimos a vida em duas: a que vale a pena e a que é um desperdício. Como poderia ser de outro modo se legiões de aldrabões licenciados nos convencem todos os dias que o nosso sofrimento deveria ter sido evitado?
Ó pá, o meu problema é que o blogger só me permite fazer posts a lincar posts do resto da tripulação quando é para dizer mal. Por isso, fica só em comentário: FNV, no seu melhor. Um abraço.
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