O ELO MAIS FRACO da candidatura de George W. Bush é, sem sombra de dúvida, a sua controversa politica económica. Os 4 anos do primeiro mandato de Bush foram caracterizados por um aumento inacreditável da despesa pública. Mesmo descontando o necessário esforço na defesa e nos sistemas de segurança interna, George W. Bush parece bem longe do tradicional credo republicano de desconfiança do governo. Durante o seu mandato a administração federal cresceu em competências, estrutura e pessoal.
Para piorar, o programa económico apresentado na convenção republicana é um somatório de planos que implicam o aumento da despesa pública e de intervenção do governo. O conceito de ownership society serviu como guarda-chuva para este aumento de intervencionismo que deve envergonhar os seus teóricos do Cato Institute. Somem-se a esta questionável gestão do Estado os efeitos negativos do ciclo económico recessivo e há muito campo para combate.
Acontece que John Kerry e os democratas estão em situação difícil para denunciar estes desmandos. Tradicionalmente são o partido das despesas sociais e do crescimento do Estado. Nos últimos anos, apresentaram no Congresso inúmeras propostas para aumentar a despesa pública.
De qualquer forma, é por aí que Kerry terá de ir, para conseguir ser eleito. Se continuar a apostar apenas na sua suposta imagem de herói de guerra, mais habilitado por isso para os desafios externos dos Estados Unidos, arrisca-se a chegar ao fim da candidatura feito num oito. O impacto das críticas de outros veteranos, independentemente da sua justeza, mostrou como é má uma estratégia de campanha que assenta num único argumento, que ainda por cima é muito frágil (porque na sua essência não é um argumento político).
Além disso, no ambiente da América de hoje, não há grande margem de manobra para colocar em causa, com sucesso, opções de fundo de política externa (o que aliás Kerry prova todos os dias, acrescentando nuances sobre nuances para se justificar e tentando passar um artificial ar de duro que soa a falso). A guerra do Iraque é algo controversa, mas convoca sentimentos de patrotismo difíceis de contrariar. E ao contrário da Europa, a guerra ao terrorismo não é aqui vista como um fracasso (como resultado dos traumas do 11 de Setembro, muitos americanos pensam que sempre é melhor ter a guerra a 10.000 km do que à porta de casa).
A melhor hipótese de Kerry continua a ser a aplicação do It's the Economy, Stupid !
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