RANCORES: Parece-me pacífico que, num plano exclusivamente político, o Ministro Portas não foi muito hábil a lidar com o "barco do aborto", conferindo-lhe um inesperado, inusitado e mui desejado protagonismo mediático. No entanto, também me parece pacífico que Portas capitalizou, politicamente falando, com a decisão do Tribunal Administrativo de Coimbra, que sancionou a legalidade da decisão tomada.
Há quem apenas queira ver um lado da questão, desvalorizando a decisão do tribunal em prol da brilhante jornada mediática de propaganda pró-aborto, protagonizada pelo dito barco. Desvaloriza-se assim a necessidade de um debate sério sobre um assunto tão sério, em prol do folclore radical pró-aborto que - ao arrepio de qualquer consideração moral, científica ou outra sobre o terminar de uma vida (ou não) - reduz a questão a um mero direito objectivo e absoluto da mulher grávida de abortar.
Em suma, alguma imprensa, ao valorizar as posições e manifestações radicais do barco do aborto acaba por padecer do mesmo extremismo e radicalismo que tanto gosta de apontar ao ministro Portas.
Só um breve comentário: não se poderá saber se a decisão (juridicamente acertada) do Governo de Portugal foi melhor ou pior do que deixá-las atracar! Em qualquer dos casos, os media do costume fariam "o circo" do costume... talvez se deva antes questionar como foi possível que um assunto haja merecido tanta alarido e tão pouco interesse por parte das pessoas. Dizem que houve momentos em que havia 11 jornalistas e 5 apoiantes... mas, nestes tempos de chumbo, como o que parece valer é o que aparece na tv... Finalmente, mesmo que a "chinfrineira" haja sido causada pela decisão de Paulo Portas... importa-me mais saber se ela era ou não legal e coerente com os princípios da lei portuguesa, sufragada maioritariamente pelos eleitores! Quem governa sem princípios não merece ser nosso líder... bem do país que tem líderes que actuam por convicções!!!
Pois é, Neptuno. O "drama" da "questão Borndiep" foi ter caído que nem mosca na agenda política pessoal do PP. A "moral" é um mero pormenor colateral, sem qualquer relevância no incidente.
Quanto à decisão do tribunal, não é assim tão cristalino que lhe tenha dado razão - tanto quanto li e ouvi - mas sim que cabia ao Capitão do Porto decidir da entrada. E ministro é ministro, capitão é capitão. Manda quem pode e obedece quem deve ...
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