AINDA BUTTIGLIONE: Não ignoro o que se convencionou designar como a agenda do politicamente correcto, muita pancada já aqui levei por a ter contestado. Mas também não é por desta vez essa agenda estar circunstancialmente a defender uma opinião semelhante à minha que vou assobiar para o ar. Vamos aos factos:
1)Buttiglione tem concepções da vida bebidas directamente no cumprimento estrito do código moral mais conservador da Igreja Católica.
2)Essas concepções são quase ou totalmente dissonantes das opções assumidas pela maioria ou totalidade dos estados da UE.
3)Buttiglione e os seus defensores dizem que não existe nenhum problema nessa dissonância: uma coisa é o que o senhor pensa, outra é o que o senhor fará.
Não irei aqui dissertar sobre esse Tristão e Isolda que é a relação entre moral e política, apenas focar um ponto. Se o que Buttiglione pensa é irrelevante para o desempenho do cargo que ocupa, então porque foi escolhido? Já aqui escrevi que o personagem não está na lista dos 50 maiores filósofos italianos vivos, nem muito menos na dos 100 maiores filósofos europeus acordados. Como bem recorda a imprensa portuguesa hoje, ele declarou ao Corriere há uns meses que pode não ser ninguém em Itália mas será ampio na Europa. Ou seja, se era um vulgar académico ultra especializado em abrilhantar as teses filosóficas do Vaticano, porque foi escolhido para uma pasta que (também) mexe com a vida sexual, familiar, conjugal de milhões de europeus? Tenho sobre o assunto uma ou outra tese, mas aguardarei o andar da carruagem.
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