UMA DÚVIDA INQUIETANTE: Paul Bremer, o anterior vice-rei americano do Iraque, afirmou que os EUA tinham enviado um número insuficientes de tropas para o Iraque e que repetidamente pediu o seu reforço. Esta afirmação levanta uma dúvida simultaneamente interessante e inquietante.
Ocupar o Iraque com um número reduzido de tropas era condição necessária para a afirmação total do credo neo-conservador. Provar-se-ia aos olhos de todos a possibilidade dos EUA actuarem ao mesmo tempo em diferentes teatros de operações. O sucesso da operação Iraque, com a chegada dos americanos rodeados de flores e em pequeno número, seria só por si um importante aviso por exemplo ao Irão, à Síria, à Coreia do Norte e, quem sabe, à Arábia Saudita.
De então para cá, muito ocorreu no Iraque e nos EUA que impediu o reforço do número de tropas americanas no Iraque. Bremer veio apenas verbalizar aquilo que muitos já intuíamos. Submetidas a um esforço hercúleo no Afeganistão e no Iraque, as forças armadas americanas parecem hoje incapazes de reforçar a sua presença física e numérica na região.
Resta pois uma dúvida: esta impossibilidade resulta de uma incapacidade ditada pelo actual momento eleitoral ou de uma real impossibilidade técnica de mobilizar mais soldados sem reinstaurar o serviço militar obrigatório ?
Se se confirmar esta última hipótese, o Iraque pode marcar não a consagração do poder americano mas o início da demonstração dos seus limites aos olhos do mundo. No estado actual do mundo, esta perspectiva é, pelo menos para mim, muito inquietante.
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