UMA RELATIVÍSSIMA JUSTIÇA: Até posso estar de acordo - já aqui o escrevi - com o princípio que sustenta a eliminação dos benefícios fiscais dos PPR e outras siglas cujo significado nunca fui capaz de decifrar. Mas esse princípio só é aceitável no quadro de uma outra política fiscal, onde a redistribuição efectiva se faça através de uma verdadeira afectação social da despesa.
Como não é o caso, a minha ignorância interroga-se:
1) Julgava eu que esses benefícios se destinavam a estimular a adesão a planos de poupança-reforma privados, para aliviar um pouco a pressão que se adivinha, no futuro, sobre a segurança social. A ameaça deixou de existir, ou o Estado deixou de querer saber?
2) Ficamos muito reconfortados por saber que o acréscimo da receita não visa cumprir um princípio, mas sim financiar a diminuição das taxas dos escalões mais baixos do IRS. Sorrimos, com feliz beatitude, perante a promoção da justiça social através da redistribuição da carga fiscal. Entre os que pagam. Entre os que pagam? Claro, entre os que pagam. Os contribuintes efectivos, os tais que declaram o que ganham, passaram a ser, oficialmente, o universo onde o Estado se propõe estabelecer uma maior justiça relativa. O resto é um imenso buraco negro, um mundo de pecado e vileza, do qual se deve guardar vista. Até porque, no fim dos tempos, o Círculo Oitavo lá os espera.
A tua análise é perfeita. Ainda ninguém percebeu que o Bagão Félix é o primeiro sistema que consegue de forma perfeita integrar as realidades dos ministérios da Segurança Social e das Finanças. E ainda dizem que não há consolidação da informação ... Imagina agora se ele tivesse sido ministro da Saúde; consegues imaginar a taxa moderadora nos hospitais para pagar a Segurança Social? E se ele tivesse sido ministro das Obras Públicas; consegues calcular o valor das portagens para reduzir o défice? O homem é um cyborg sorridente que mais cedo ou mais tarde vai ter um crash por excesso de informação ...
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