FELICIDADE: Quando as pessoas meteram na cabeça que tinham o direito a serem felizes saiu a sorte grande aos psis. Assim como a cirurgia plástica começou por ser de reconstrução de tecidos lacerados por acidentes ou de correcção de anomalias genéticas e acabou no enrijar de mamas ou no encurtar de narizes.
As grandes desordens psiquiátricas são hoje controladas por neurolépticos e outros inibidores do pathos, as psicoterapias reservadas ao seres humanos que não suportam coisas outrora triviais como a solidão, a tristeza ou o desconsolo. A satisfação das necessidades básicas e a facilidade de obtenção dos artigos de prazer sensorial tornou-nos incapazes de tolerar a frustração. O amor, por exemplo, só é concebido na sua forma material, isto é, na gratificação obtida. Amar por amar, pelo desejo de, é hoje coisa de loucos. A morte, território deserto de recompensa, também não encaixa no nosso demencial horizonte de pontos ganhos, de objectivos a cumprir. Estamos cada vez mais sós.
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