COLIGAÇÕES, NOVELAS E ESTRATÉGIAS III: De forma que estas críticas à decisão dos partidos do governo são infundadas (outras poderão existir, mas estas não têm razão de ser). Para se convencer disto mesmo, o leitor ainda céptico pode atentar no seguinte: uma vez que falamos de estratégias, coligações, eleições e poder, podemo-nos perguntar porque razão o PS não faz uma coligação pré ou pós-eleitoral com a CDU ou com o BE.
Na verdade, mesmo que seja por falta de dentes, já não se acredita que a CDU coma criancinhas ao pequeno-almoço pelo que não será esse o motivo que leva o PS a nem querer ouvir falar no assunto. Por outro lado, relativamente ao BE nem se põe a questão de eles comerem criancinhas ao pequeno-almoço (até porque umas das suas mais ferozes bandeiras é a defesa da possibilidade das criancinhas não verem sequer a luz do dia...).
Então porque é que o PS não faz uma coligação pré-eleitoral? Ou porque é que o PS é dúbio e reticente quando indagado da possibilidade de fazer acordos pós-eleitorais com esses partidos? Porque foge à pergunta e à resposta? Porque esconde dos portugueses as suas posições relativamente a esses partidos? Será simplesmente nojo? A arrogância natural do novo Secretário-Geral?
O PS não admite publicamente a possibilidade de fazer acordos com a CDU ou com o BE por pura estratégia política de alcançar o poder. É a suaestratégia de tentar alcançar o poder. O PS sabe bem (nem deve precisar de sondagens para o saber) que o país, por muito adormecido que esteja, não lhe dá votos se se lembrar que o PS pode fazer entrar pela janela o BE ou a CDU no governo (mesmo que seja apenas através do jogo de influências parlamentar). Muitos dos que hoje lhe dão palmadinhas nas costas serão os primeiros a retirar-lhe o tapete. Daí que fuja às perguntas, evite as respostas, esconda do eleitorado português as suas verdadeiras intenções de alianças com a CDU ou o BE face aos resultados das eleições. Estes últimos, por seu turno, também têm as suas estratégias de poder (certamente alicerçadas em sondagens). Basta ver como se têm apressado a dizer que não querem ir para o governo com o PS (está-se mesmo a ver...) para não afugentarem do amigo PS o eleitorado que não quer sequer sonhar com a possibilidade destes partidos estarem à frente de qualquer que seja a pasta governamental.
Ou seja, todos têm e cada um tem a sua estratégia de alcançar o poder, percebendo-se mal que as críticas recaiam unicamente sobre a dos partidos do governo, a única que foi abertamente explicada ao eleitorado.
Com efeito, a reserva mental dos partidos da actual oposição é o que distingue as estratégias em confronto nas próximas eleições: do lado dos partidos do governo, o eleitorado sabe o que irá acontecer face aos resultados das eleições. Do lado da oposição é a verdadeira incógnita, sendo no entanto muito provável que o PS se abrace à extrema-esquerda. De um lado temos a clareza e a transparência, do outro temos a obscuridade e o silêncio. Ora as coisas na política deviam querer-se claras, como se anda por aí a apregoar...
Gosto de ler críticas, artigos de opinião, estados de alma.. Mas, ao ler o que escreveu, ("até porque umas das suas mais ferozes bandeiras é a defesa da possibilidade das criancinhas não verem sequer a luz do dia...")concordará que certas alarvidades toldam-lhe a escrita!
Não é?!?.. Ter-me-ei enganado?!?... O BE terá mudado a sua posição sobre o aborto e passado a defender a vida sem eu reparar? Se assim for terei de pedir as maiores desculpas aos visados e até felicitá-los. As criancinhas agradecem também. No fundo, é da vida delas que se trata.
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