MANIPULAÇÃO:"Ó pá, um gajo anda aqui e dizem-lhe assim, vai lá para baixo e dizem-lhe assado. Como é? Ah! É que vocês também só fazem de conta e o camandro! Assim não dá! T´ão a gozar com a gente! Um gajo bem tenta, mas uns fazem coisa e tal e outros nem por isso, como é?" Penso que este texto é uma boa ilustração do discurso de ontem do PR, em que insinuou uma série de generalidades - tipo "o estado a que isto chegou" e "a situação estava a tornar-se insustentável" - para dissolver o parlamento. Os chamados "media de referência" (?!?) fizeram o resto do trabalho. E assim se passa como boa para a opinião pública (= eleitores) uma decisão gravíssima e que, quanto a mim, é a facada final na credibilidade do nosso sistema político.
Penso que o PR decidiu como decidiu para fazer as pazes com a sua família política, que tanto o insultou em Julho. E, para poder terminar o seu mandato nas boas graças dos camaradas, precisava de fazer este geitinho.
Desde o início deste blog que defendo a reforma urgente do nosso sistema político. Mas, enquanto ele existir tal como é hoje, assim deve ser respeitado. Em Julho - sem prejuízo de não acreditar em Santana Lopes como PM - aplaudi a decisão de Sampaio precisamente porque respeitou o sistema e o conceito que sempre transmitiu do exercício do cargo de PR. A decisão que agora tomou, de dissolver o Parlamento como forma de "demitir" o governo traduz um uso reprovável do sistema. Nada se passou de objectivo que justifique a dissolução do Parlamento. Quanto aos argumentos usados para, indirectamente, "dissolver" o Governo, basta lembrar que, durante os governos Guterrres, ministros foram demitidos enquanto discursavam no Parlamento, Ministros juntaram-se a manifs contra e à porta do respectivo ministério, criaram-se fundações para obviar à assumida ineficiência do respectivo ministério, cumpriram-se cinco das cento e tal promessa eleitorais, o país ficou de tanga, um orçamento foi aprovado com um negócio de queijo, etc, etc.
Como explicação para este acto, só sobra mesmo a militância política.
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