O GOSTO DUVIDOSO II: Não comentei o texto de Clara Pinto Correia (CPC) por várias razões - não leio o pasquim onde ela escreve, não a leio a ela, entre outras - mas reparei na citação lida algures e uma vez que o VLX trouxe a coisa para aqui, permito-me acrescentar uma nota. Concordo em absoluto com o VLX quanto à infelicidade de um texto daqueles, embora depois de ter lido o texto completo uma dúvida se me coloca: CPC estaria a referir-se à pedofilia praticada ou ao vício de consumir pornografia pedófila? Julgo que ela se estaria a referir ao segundo caso e a dar a entender que tal "vício" é um direito privado de cada um. Não concordo, pela simples razão que me parece que filmes pornográficos envolvendo actos sexuais com crianças de por exemplo seis ou sete anos ( adolescentes é outra questão) não colocam o consumidor ao abrigo da culpa, numa formulação próxima do "eu não fiz nada, só estou a ver".
Também não me parece que seja uma questão de moral de costumes existirem pessoas que se masturbam ao verem uma criança (real) de seis anos a ser sodomizada. Parece-me mais uma questão de desumanidade, de profunda quebra de um laço universal com o mundo e com o outro, com qualquer outro. Uma espécie de shoa, se quiserem.
Assim, o aspecto que na altura me interessou e que pensei trazer para aqui mais tarde é o seguinte: CPC quer o quê com aquele texto? Espero que não queira nada de especial exceptuando reforçar a vontade que eu e muita gente já temos de não a ler.
PS: São aliás textos como o de CPC, que colocam no mesmo plano o interesse dos media pela vida privada de figuras públicas e a utilização de crianças na pornografia, que reforçam as cruzadas renovadamente puritanas deste e do outro lado do Atlântico. Julgo que se aplica bem aqui a figura do "idiota útil".
Mar de opinioes, ideias e comentarios. Para marinheiros e estivadores, sereias e outras musas, tubaroes e demais peixe graudo, carapaus de corrida e todos os errantes navegantes.