OS EFEITOS DO DUCHE NO NATAL: Acabo de ler um textinho que fecha, com chave de ouro, este fabuloso ano de 2004. Assinado pelo Prof. João César das Neves, leva o humilíssimo título de Conto de Natal e narra-nos a história de uma adolescente ignorante que traz aos seus amigos infiéis a boa nova: "Descobri hoje de manhã, no duche, que os infiéis, mesmo sendo infiéis, são muito mais felizes no reino de Cristo do que julgam vir a ser nas suas crenças", porque o Deus cristão a todos acolhe. Como é ignorante, a universitária oblitera Mateus 10,33; Mateus 12,30; Marcos 16,16; e João 12,48. Até aí, nada a assinalar: as descobertas feitas no duche nem sempre coincidem com a verdade e a ignorância é desculpável se atendermos à intenção de propagação da fé.
Já é interessante notar que a cristã foi baptizada de Maria, o agnóstico dá pelo nome de Fernando, a budista se chama Cláudia e aquele que acredita "num paraíso de delícias corporais no seio de Alá" ostenta o prosaico nome de... Ibrahim.
Mas o mais edificante é o fim do conto, provavelmente congeminado pelo Prof. João César das Neves no duche: "«E se a gente se deixasse de conversas e se agarrasse à Matemática?» disse o Ibrahim. «Os testes são logo a seguir ao Ano Novo e, se não marrarmos agora, não há espírito de Natal que nos salve.»".
Ah, os Ibrahims, os Ibrahims... esses irremissíveis calculistas.
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