POLÍTICA E FUTEBOL: Ao contrário do que tinha previsto, o nosso PR demorou 11 dias a dignar-se, finalmente, esclarecer os portugueses de que as suas (do PR) razões para dissolver o parlamento eram nenhumas (como já se antevia, aliás).
Reconhece-se que a missão do PR era, provavelmente, superior às suas capacidades mas exigia-se como sendo o mínimo que se pede a um PR que dissolve um parlamento maioritário: explicar às pessoas e convencê-las dos motivos pelos quais se dissolve um parlamento legitima e democraticamente eleito pelos portugueses e que maioritariamente apoia o governo em funções.
Uns dirão que isso foi feito mas não corresponde à verdade. O PR não tinha de convencer, com as suas razões, aqueles que obviamente queriam a queda do governo (designadamente, os seus amigos do PS, os antigos aliados da CDU e os clássicos opositores do BE) nem tinha de convencer os que defendiam a manutenção do governo: o PR tinha de convencer aqueles portugueses que estavam indecisos relativamente à questão de que a sua decisão tinha sido boa ou, pelo menos, bem ponderada e justificada - só que não fez isso.
O PR limitou-se a endereçar aos portugueses um conjunto de banalidades que Belém já tinha soprado aos seus preferidos comentadores políticos mas que não sustentam a dissolução de um parlamento nem convencem um indeciso da bondade da decisão. Pelo contrário: fica-se com a ideia de que o voto para a Assembleia da República pouco vale porque, a partir de agora, qualquer PR pode dissolver um Parlamento maioritário porque lhe apetece.
Tivesse-se lembrado disso Mário Soares e Cavaco teria caído com o buzinão da ponte. Dizia nessa altura E. Rangel, opinando sobre a comunicação social, que uma televisão podia colocar uma pessoa em Belém. A coisa é hoje muito pior: certa comunicação social pode desfazer a maioria democrática e legítima de um parlamento, se contar com o apoio de Belém. Isto é grave.
Mas o problema essencial é que se fica com a impressão de que um PR pode dissolver um parlamento que apoia maioritariamente um governo apenas porque o próprio PR não vai à bola com o PM. De tudo o que se tem falado sobre o que serão as perigosas ligações entre a política e o futebol, esta realidade parece-me a mais perigosa para todos os portugueses e para a democracia.
Brilhante texto! Mas esqueceu-se que o PR, afinal, disse qualquer coisa. Pediu serenidade. Pelo menos fica na história como o PR mais sereno do mundo! A mal de todos, já se sabe. Note-se, ainda, que o tiro pode ter saído ao lado. Tenhamos fé que o PS não ganha as eleições. E depois sim, o PR vai levar a maior bofetada de luva branca de todos os tempos.
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