PREDESTINAÇÃO: Um velho e simpático padre, com quem de quando em quando mantenho umas conversas (oficialmente enquadradas como apoio psicoterapêutico), respondia-me há (muito?) tempo a uma provocação. Foi na altura da tragédia da ponte de Entre-os-Rios, e eu perguntei-lhe se sendo certo que tudo acontece por vontade de Deus, porque quis Deus matar aquelas dezenas de pessoas. Respondeu-me com um sorriso compreensivo. Que não podemos querer ter a veleidade de compreender imediatamente os desígnios divinos, mas também que Deus não tinha culpa nenhuma da incúria e do desleixo humano ( aludindo ao mau estado da ponte).
Quando estiver com ele vou perguntar-lhe porque estava predestinada a morte de dezenas de milhares de pessoas no Sudeste Asiático. Sendo certo que nem eu nem ele poderemos ter a veleidade de tentar perceber, hoje ou amanhã, a vontade de Deus. O que eu admiro - sem ironia - nos que têm fé, o que chego a invejar, é a predisposição para o aceitar de uma razão ( no sentido causal, motivacional do termo, por ex, "Cristo morreu para salvar os homens") futura, enquanto no presente aceitam viver sem nenhuma.
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