APRENDENDO A GOSTAR DO PORTO IV: É divertido observar que alguns reagem estereotipadamente ao texto de estereótipos: " Não se aprende a gostar do Porto", "ou se gosta ou não se gosta", "isso é coisa de lisboeta", etc.
Claro que de tudo se pode aprende a gostar. O Porto, o queijo de Serpa, Heródoto, todos são objectos representáveis, todos são passíveis de serem conhecidos; O "aprender a gostar" significa que se parte de uma base de ignorância e que depois se vai numa direcção que recolhe sinais prazenteiros, agradáveis, que nos levam a caminhar cada vez mais. É verdade que o conhecimento poderá significar o mapeamento de buracos, armadilhas, Ciápodes e Grifos; mas nesse caso eu teria escrito "Aprendendo a evitar o Porto". De qualquer forma, a ideia que uma coisa é impossível de ser apreendida por outros faz-me lembrar um imperador num manicómio. No caso em apreço, um imperador provinciano.
Para a série não ficar incompleta, aqui vai mais uma sessão de aprendizagem: ainda hoje não sei se o grande receituário de bacalhau portuense ( distrito) gerou o minhoto ou vice-versa; provavelmente, o Porto burguês suavizou as receitas minhotas, conferiu-lhes alguma urbanidade. Mas o Porto nos finais do século XIX era o grande entreposto nacional de bacalhau, e ainda hoje grande parte das melhores receitas do gadídeo são portuenses. Vá-se lá saber como, as tripas acabaram por se tornar o símbolo gastronómico da cidade. Averiguarei...
Resposta a comentário: O.K. Pikkolo, não te canses, já tinha percebido à primeira. Descansa bem e dá-me descanso que bem preciso. As melhoras.
Ao meu caro JPT: também não sou assim tão ignorante, pelo menos em matéria de bacalhau.O que discutirei se tiver tempo um dia destes é a relação entre o receituário portuense e o minhoto: há um ou outro pormenor curioso. Abraço.
Ainda ao Pikkolo: Não te deste ao "trabalho de comentar os meus textos", deste-te ao trabalho de achar que eu sou mais um que acha "que o Porto é um conjunto de Pôncios". Depois zangas-te com a resposta. Quer dizer, o meu amigo é mais um blogosférico sensível, mas de sentido único. Renovo o voto de melhoras.
"Estereotipada", quanto a mim, é essa sua descoberta tardia do Porto. É que os preconceitos iniciais aparecem pelo meio desse tipo de discurso, como se nota no suposto "tom neandartalesco" de um dos posts da série. Se você é ou não lisboeta não sei nem quero saber, nem interessa para o caso. Mas que você transporta (talvez sem o saber) o vírus daqueles que pensam que o Porto é um conjunto de Pôncios, isso parece-me claro. Mas não é nada que nós não estejamos habituados a ver, em Lisboa ou não.
Meu caro Filipe, Os portuenses ficaram conhecidos como tripeiros porque e a história do bacalhau não está ligada ao Porto mas aos descobrimentos. Abraço
Eu por acaso não tinha percebido à primeira. Se tivesse percebido à primeira que o nível da discussão é este não me teria dado ao trabalho de ler os seus textos e até de responder. Em cada esquina um aspirante a sargento...
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