DESCOBRIRAM A PÓLVORA: Se eu tivesse escrito o que a Ana Sá Lopes escreve hoje no Público ( claro que nunca escreveria tão bem, mas percebem a coisa) sobre o Bloco de Esquerda, lá tinha na caixa de comentários os epítetos do costume: reaccionário, fascista, etc. Mas a Ana Sá Lopes descobriu agora que o Bloco fede a moralismo oco e cultiva uma pretensa superioridade moral sobre todos os assuntos e sobre todos os adversários.
Como tal prática não começou certamente quando Louçã foi na 5ª feira ao debate da SIC-N com Portas, nem quando declarou que quem não tem filhos não pesca à linha nos assuntos do aborto e da vida, o mais que posso concluir é que a Ana Sá Lopes tem andado distraída. Compreendo a desilusão da Ana, até porque a doutrina Louçã vai começar a ser ensinada na catequese, quando os meninos com um tio liberal questionarem o padre sobre se enfim, um casal de homossexuais temente a Deus e sem cadastro não poderia, enfim, adoptar um orfãozinho que eles conhecem.
Pela minha parte simpatizo com algumas "causas" do Bloco: a justiça fiscal e a despenalização do aborto, por exemplo; esta última, porque embora sabendo, até por via do meu trabalho, que muitas mulheres abortam sem motivo algum e sem drama nenhum, para muitas acontece precisamente o contrário, e não me agrada uma lei cujo desrespeito é fácil e cómodo para umas e humilhante para outras: se eu roubar alguém, posso ou não ser acusado, julgado e condenado, mas tal desfecho não dependerá da minha conta bancária ( apesar da vox populi dos cafés...).
O que dificulta a discussão com os bloquistas é o facto de eles verem em qualquer prática política da qual discordam uma constelação de interesses inconfessáveis*, ou em alternativa, a rematada ignorância e boçalidade dos que a defendem. Em resumo, quando discordamos de um bloquista numa questão de edifícios, ou estamos ao serviço da indústria do cimento ou somos o próprio cimento.
*: Deve-se em parte à permanente insinuação sobre "interesses", "negociatas", "mafias" e outras amabilidades, a razão do crescimento eleitoral do Bloco: capitaliza os justa e ocasionalmente indignados, mas também as cáfilas de preguiçosos e invejosos que abundam no ecossistema luso. É assunto para desenvolver mais tarde.
Perturbante como o simples raciocínio lógico falha nestas questões:
A falácia começa ao comparares o acto criminal (no caso do aborto) com o julgamento (no caso do roubo)...
Então não te agrada uma lei cujo o desfecho é fácil e cómodo para umas e humilhante para outras....e ao mesmo tempo queres justiça fiscal uma lei cujo a fuga é "fácil" para uns e "humilhante" para outros? Porque não bani-la também?
É melhor confessares, não estás minimamente interessado em que a lei no caso do aborto apanhe todos por igual. É o mais cómodo para estar nesta sociedade conformista onde todos têm de falar e pensar da mesma maneira, não é?
Perturbante como o simples raciocínio lógico falha nestas questões:
A falácia começa ao comparares o acto criminal (no caso do aborto) com o julgamento (no caso do roubo)...
Então não te agrada uma lei cujo o desfecho é fácil e cómodo para umas e humilhante para outras....e ao mesmo tempo queres justiça fiscal uma lei cujo a fuga é "fácil" para uns e "humilhante" para outros? Porque não bani-la também?
É melhor confessares, não estás minimamente interessado em que a lei no caso do aborto apanhe todos por igual. É o mais cómodo para estar nesta sociedade conformista onde todos têm de falar e pensar da mesma maneira, não é?
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