O ABORTO II: No quadro pretendido pelos defensores do aborto livre, pode suceder a situação seguinte: um casal acaba por ter dois ou três ou quatro filhos ao longo da sua vida mas, pelo meio, por quaisquer razões, decide fazer dois ou três ou quatro abortos. Ora os filhos que esse casal venha a ter e a ver crescer são... sobreviventes! São aqueles que por mero acaso conseguiram sobreviver à tômbola da sorte que os seus pais livremente decidiram.
Estes filhos sobreviventes têm toda a legitimidade para perguntar aos seus pais: "olhem lá, quantos maninhos e quantas maninhas vocês me roubaram?" Ou então: "Olhem lá, se, quando estavam à minha espera, aparecesse uma bolsa de estudo em Paris vocês abortavam-me? E se fosse seguida de uma pós-graduação em Nova Iorque? E se, sobre isso tudo, ainda dessem um carro, uma máquina de lavar e um emprego para três anos, vocês já me abortavam?"
A situação acabada de descrever é claramente extremada e talvez absurda mas é perfeitamente possível. E é principalmente obscena e asquerosa.
Choca? Pois choca. A imagem de uma criancinha inocente a fazer este tipo de perguntas sobre os irmãos que nunca chegou a ter ou sobre os riscos que correu inconscientemente na barriga da mãe (a tal onde só elas mandam) é chocante, repugnante. Choca a quem lê e a quem escreve mas é isto que se quer criar. Nem mais, nem menos. E convinha que nos consciencializássemos disto.
Quem são os defensores do «aborto livre»? Gostava de saber, porque de facto não conheço nenhum, nem nunca ouvi ninguém defender isso.
VLX tem uma estranha tendência para dar tiros no pé logo nas primeiras linhas dos seus posts. O que é desagradável, porque, embora as suas ideias certamente mereçam ser escutadas, a gente assim tende a desvalorizar o que vem a seguir.
dá-me impressão que existe uma parte da insinuação do Louçã que ninguem ainda explorou, parece que por pudor, e que tem a ver com a suposta homossexualidade de Paulo Portas.
De facto, PP fala tanto de familia para aqui, familia para acolá, valores conservadores para acoli, na minha opinião seria útil os seus eleitores saberem se é ele homo ou não.
O seu texto é das coisas simplesmente e tristemente mais ignorantes que me recordo de ler sobre o assunto.
Caro VLX, decidir ou reflectir sobre a possibilidade de fazer um aborto ou ter um filho, com tudo o que cada uma das decisões implica a nível emocional, afectivo, físico, económico e social, não é a mesma coisa que jogar poker com os amigos, riscar ou incluir um pacote de açúcar na lista de compras do supermercado, desfolhar o catálogo do ikea com o extracto bancário em cima dos joelhos, mandar vir uma chanfana ou uma alheira de mirandela na tasca lá do bairro.
E fique a saber que, para o comum dos mortais, a vida e o planeamento familiar são bem mais complexos e sérios que meros exercícios de disponibilidade por entre cursos pós graduados em grandes metrópoles do novo mundo.
Quanto à peregrina ideia do carro e da máquina de lavar, vou resistir a dizer-lhe que é mentecapta. Sugiro apenas que se olhe no espelho e pense um pouco nela. Vai ver que obtém respostas interessantes.
Supúnhamos que vivemos num mundo perfeito e que não se fazem abortos, só tem filhos quem os planeou (também não há malformações nem outras complicações) Pode então suceder a situação seguinte: um casal de 50 anos tem dois filhos. Qual não é o espanto que a razão porque tal assim acontece é porque esse casal decidiu à muitos anos não ter mais nenhum. Essa decisão assassinou dezenas de crianças que efectivamente iam existir. Noutro exemplo temos um casal com 20 filhos que se tivesse feito a mesma decisão que o casal anterior ia matar 18 pessoas que existem e andam por ai. Um desses 18 podia então perguntar: "Olhem lá, se, quando estavam para me fazer, aparecesse uma bolsa de estudo em Paris vocês decidiam não me ter? E se fosse seguida de uma pós-graduação em Nova Iorque? E se, sobre isso tudo, ainda dessem um carro, uma máquina de lavar e um emprego para três anos, vocês já não me faziam?" - Foi só mudar o verbo (abortar por fazer). Conclusão: o seu raciocínio deturpado não tem nada a haver com a discussão do aborto, e para pelo menos o tornar coerente devia defender a procriação compulsiva para salvar o número máximo possível de vidas.
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