O SISTEMA POLÍTICO: O excelente editorial de hoje do Público, da autoria do Eduardo Dâmaso, deveria constituir um ponto de partida para as batalhas que os media em geral - na lógica da imprensa como contra-poder - deveriam travar, em nome da população desarmada: a do exercício do poder político na efectiva concretização das reformas necessárias ao progresso do país e a reforma do falido sistema político.
Seja qual for a sua área política, qualquer jornalista já terá percebido a inexistência de vontade política no afrontar dos estrangulamentos como aqueles mencionados por E. Dâmaso, independentemente do partido no poder. Para além disso e em minha opinião, na base da irresponsabilidade governativa está a agudíssima crise de representatividade do nosso sistema político, que promove a mediocridade e que não permite a responsabilização. Nem sequer pelo voto, o qual, para efeitos de poder, estará sempre (nas actuais circunstâncias) condicionado pela superior escolha de um sinistro aparelho partidário. Por outras palavras, à população desarmada apenas sobra o desvalorizado voto (e alguns blogues...).
Perante isto, a batalha a travar não estará tanto no apoio ao candidato "A" ou na lapidação pública do Ministro "B", mas sim na luta supra-partidária que obrigue a reformas que confiram representatividade ao sistema político (e por inerência ao voto, que assim passará a fazer sentido) e que permitam à população responsabilizar (e/ou premiar) pessoas e partidos pelo seu efectivo desempenho. Tal como as coisas estão hoje, a política funciona em circuito fechado e apenas serve... os próprios políticos!
O papel de contra-poder que por vezes se atribui aos media e que o país actualmente precisa é este, o da reforma do sistema. As meras críticas dentro do sistema são simples arranhões que deixam indiferentes aqueles que o controlam.
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