RÁBANOS IRÓNICOS: O tradutor do meu Sinésio (de Cirene) remete-me para As Nuvens, de Aristófanes, que de momento não consigo encontrar na desordem da minha pequena biblioteca. A razão da consulta seria a de confirmar este castigo terrível: aos adúlteros (pressuponho que aos homens apenas) era enfiado no traseiro um rábano, que ao ser depilado provocava dores imagináveis, devido aos estremeções que o vegetal produzia dentro do ânus do desgraçado. Este castigo designava-se rhaphanismós, e Sinésio menciona-o simplesmente porque é calvo.
Pois é, a inveja leva à destruição do objecto invejado, como pregam os psicanalistas, e por acaso desta vez, bem. Sinésio , no seu Elogio da Calvície ( ± 366 d.C.), atribui aos tipos com cabelo, entre outros defeitos morais, o de se darem ao adultério; mais precisamente, de seduzirem com a sua boa figura as mulheres dos homens de bem, naturalmente calvos.
Imagina-te leitor, calvo e cornudo, mas sabendo que o rabo do cabeludo sedutor da tua mulherzinha se transformou, ainda que por breves instantes, em salão de depilação para rábanos.
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