SENTENÇA: É uma mulher de 25 anos, há tempos manteve uma relação heterossexual, agora está a sair de um amor feminino. Pergunta-me ela: o que é que eu sou? E eu com isso...
O que me interessa é o sofrimento, categoria universal. Ela não consegue falar com nenhum dos amigos ou das amigas sobre a relação que agora acabou. Não consegue falar com o irmão, não consegue falar com os pais. É muito fácil dizer que a opção sexual de cada um é com cada um, quando temos microfones interessados e uma garganta desimpedida. Quando entre dois copos um amigo/a nos acena com a cabeça e se mostra interessado em saber mais; quando não abrem a boca de espanto e no dia seguinte casam a distância deles com a nossa culpa.
Esta mulher dedicou-se a outra, separaram-se, ela sofre. Mas sofre duplamente, como se tivesse roubado o fogo aos Deuses, porque não pode dizer. Vocês , pelo contrário, dir-me-ão que ela não diz porque não quer. Talvez. Talvez porque ela queira manter a roupa no corpo, talvez porque entenda que se falar ficará nua de cada vez que entrar no café, ou no sítio onde trabalha, ou na sala de estar dos pais; talvez porque passamos a vida a chafurdar nas opções sexuais uns dos outros. Talvez porque a vergonha aparece de cada vez que não conseguimos fazer esquecer a nossa nudez, de cada vez que não conseguimos encobrir o que não se pode esconder, como lembrava Levinas. Talvez seja por isso que a primeira coisa que os torcionários nos exigem seja a roupa.
De qualquer forma, este é um castigo que nunca deveria ter sido decretado.
Es una injustia difícil de soportar permitida por este mundo cruel donde nos dedicamos a juzgar e inmiscuirnos en la vida de los otros sin ser capaces de entender los sentimientos de los demás. Un mundo que juzga sin tener razón ni capacidad para ello. Tal vez tenga la suerte de encontrar a alguien con quien hablar, una persona que no la desnude al mirarla pues sólo sea capaz de ver en ella un ser humano lleno de sentimientos, con un mismo corazón.
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