SOBREVIVENTES:: Do Filoctetes de Sófocles, tradução de José Ribeiro Ferreira incluida no volume colectivo editado pela Minerva 2003 ( J.Ribeiro Ferreira publicou também O Drama de Filoctetes, INIC, 1989, um ensaio interessantíssimo sobre os vários "Filoctetes"), mas também serviria o de Teodectes, em que o herói é ferido não no pé mas na mão. De qualquer forma, um cheiro nauseabundo exala da ferida causada pela traição em corpo de serpente:
-Filoctetes:
Por isso mesmo te pergunto agora por um indíviduo infame, mas de língua temível e hábil. Onde está ele agora?
-Neoptólemo:
De quem podes tu estar a falar, senão de Ulisses?
-Filoctetes:
Não é desse que falo, mas de um tal Tersites que nunca se contentava com falar uma só vez, mesmo quando ninguém lho consentia. Sabes se ele ainda vive?
-Neoptólemo:
Não o vi, mas ouvi dizer que vive ainda.
-Filoctetes:
Tinha de ser. Nenhum malvado pereceu.
Tersites é uma personagem absolutamente insignificante na peça, mas que tem um papel extraordinário: reabilita Ulisses, distinguindo entre o mal feito em nome da cidade e o mal natural. Também permite a Sófocles a repetição de uma ideia que o persegue: a guerra colhe sempre os bons, só poupa os malvados.
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