ELEIÇÕES: Concordo com a maior parte da análise do nosso PC sobre os resultados eleitorais, apresentada no post anterior. Penso, contudo, que se devem acrescentar ou sublinhar dois aspectos que, em minha opinião, ajudam a explicar a hecatombe do PPD/PSD e do CDS/PP. Por um lado, o unanimismo contra Santana - devidamente "alimentado" pelo próprio e pela sua equipa - com especial relevo para a comunicação social (!) e... para o próprio partido (imagine-se Sócrates em campanha com a oposição de Mário Soares, Cravinho, Magalhães e Guterres, por exemplo). Por outro lado, penso que esta votação veio mostrar, sobretudo, que a dimensão da crise que o país vive é bem superior àquela que se consegue aperceber nos principais centros urbanos. A deterioração das condições de vida da generalidade da população é uma realidade bem mais profunda, que determinou não só a maior afluência às urnas (uma coisa é o discurso político, outra coisa é sentir a realidade na pele) mas também uma necessidade urgente de mudança, na esperança que isso aconteça já com um governo de cor diferente. Resta falar de Sócrates. Até hoje, sempre pensei tratar-se de um homem de poucas ou nenhumas convicções, ideias ou projectos. De um "pistoleiro" com um projecto de poder pessoal mas com os miolos necessários para o conseguir. Este tipo de políticos - tal como Santana - é um verdadeiro tiro no escuro. Sabem como "escalar" e como chegal lá. Uma vez no poleiro, só então ficaremos a conhecer as suas capacidades de liderança (inexistentes em Santana) e de bem (ou mal) decidir. Penso que Sócrates aparenta ser frio e calculista e, sendo inteligente e ostentando o capital político de ser o primeiro lider socialista a conseguir a maioria absoluta para o partido, terá condições ideais para mostrar o que vale. O primeiro - e decisivo - teste acontecerá já na formação do governo, cuja escolha irá marcar indelevelmente o seu mandato: vai buscar caras novas credíveis ou ficará refém da velha e sinistra equipa de Guterres?
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