MAIORIAS ABSOLUTAS DE UM PARTIDO PARA QUÊ?!?... Jorge Sampaio já elucidou definitivamente o povo português: não interessa nada existir uma maioria parlamentar porque o PR pode (mesmo nesse caso) dissolver a AR na maior das calmas e apenas porque lhe apetece. Assim sendo, é legítimo perguntarmo-nos se não será muito melhor existir um governo maioritário de coligação, em que um dos grupos seja temperado por outro, alargando-se assim a representatividade do país, em benefício de todos e da democracia. O facto do partido que liderar um governo ter de discutir e de se entender com outro para fazer passar uma regulamentação ou uma orientação para o país deveria ser visto como uma coisa benéfica, democrática, e não como algo prejudicial.
Quando escrevo este raciocínio modesto, penso não só à direita como à esquerda. Se o PS tiver de se entender com a CDU ou com o BE para governar, que se entenda: os portugueses cá estarão para ver e julgar um PS que se amanha desta maneira e com esta gente.
O que não faz o menor sentido é o PS (ajudado pelos seus novos acólitos) andar por aí a implorar a maioria absoluta. Pois se nem em minoria, quando tinha de negociar com este e com aquele e por esses era ajudado, o PS conseguia governar decentemente, por que estranha razão o conseguiria fazer condignamente em maioria absoluta? O que é que eles não fizeram por não ter maioria? O que é que eles teriam feito de diferente, tendo maioria? Tendo maioria, Guterres não teria fugido do pântano? Tivessem tido maioria, tinham desbaratado menos as finanças públicas? Houvesse maioria socialista, não teriam inventado as nefastas scuts? Em maioria, controlariam o rendimento mínimo garantido? Em maioria, teriam mexido no arrendamento? Na legislação laboral? O que teriam feito em maioria que não puderam fazer em minoria?
Eu sei que o PS se recusa a dizer o que vai fazer no governo ou como o vai fazer. Todos sabemos que o PS não diz o que fez quando era governo, porque é melhor nem falar no assunto. Mas, uma vez que agora nos pede a maioria absoluta, poderia ao menos ter a decência de dizer o que teria feito se a tivesse tido antes. É o mínimo que se exige a quem nos quer governar: se o PS não quer dizer o que pretende fazer no futuro, que diga ao menos o que tinha pretendido fazer anteriormente com a maioria absoluta que reclama agora.
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