O SISTEMA: A exemplo do editorial de 28 de Janeiro, da sua autoria, no excelente editorial de hoje do Público,Eduardo Dâmaso volta a acertar - ainda que de forma lateral - no tema que, em minha opinião, é urgente discutir e incluir na agenda política: a reforma do sistema político. No anterior editorial, E. Dâmaso focava a urgente necessidade de se fazerem as reformas estruturais que o país carece, no âmbito de uma crítica ao anterior governo. Hoje, no âmbito de uma análise implacável ao PSD pós-Cavaco, o mesmo autor ilustra os malefícios do aparelho partidário, referindo aquelas personagens que "... para lá de inacreditáveis figuras que pontificam como presidentes das distritais do PSD, homens que têm a força e os votos necessários para eleger delegados a congresso, escolher candidatos a deputados e autarcas ou, ainda, impor as suas escolhas para as nomeações que enxameiam a administração pública de inigualáveis mediocridades." Espero que um dia E. Dâmaso acerte na mouche e deixe de abordar estes temas "dentro do sistema" - i.e. apenas no âmbito das suas criticas ao PSD, por mais gozo que isso lhe dê - e passe a abordá-los no prisma que, em minha opinião, é mais fiel à realidade e mais eventualmente mais proveitoso quanto aos seus efeitos: quem mandou ou deixou mandar neste país nos últimos vinte anos foram os famigerados "aparelhos" partidários do PS e do PSD. E, esta triste realidade, reconduz-nos à inevitável questão da falência do actual sistema político, em que não há representatividade e, por via disso, também não há responsabilização. Não havendo responsabilização, não haverá nunca reformas e o sistema político será apenas e cada vez mais uma coutada da rapaziada dos referidos aparelhos. Não esquecer que a uma classe governate mediocre interessa uma população mediocre, como forma de se perpetuar no poder.
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