OS VERMES: Anteontem o Público dava conta de uma curiosidade: um crocodilo de cinco metros foi capturado no lago Victoria, cotê ugandês, depois de ter comido 83 pessoas, na sua maioria pescadores; o bicho vai agora ser entregue "a um santuário". Este kroko-dylos, "verme da pedra", na língua de Heródoto, comeu 83 seres humanos e como prémio vai passar o resto da sua vida de papo para o ar, com frango ao almoço e vaca ao jantar. É assaz peculiar o sentido da vida que certos conservacionistas da dita cuja selvagem exibem. Nos bons/maus tempos coloniais de Henrique Galvão, Teodósio Cabral ou José Pardal, ou de Karamojo Bell, J.Pretorius e Peter Capstick, o verme acabaria em forma de bolsa ao colo de uma qualquer beldade de Milão. Nesta história não há um pingo de recato ou de decência. Se isto acontecesse nos EUA, por exemplo na Flórida, alguém acredita que destino semelhante era dado ao animal? E estranho sempre nestas ocasiões o silêncio dos teóricos pós-coloniais: a vida dos negros é assim tão parecida com um aperitivo de pré-reforma?
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