DOUBLE TALK: Um "grupo de cidadãos portugueses ocasionalmente residentes em Espanha" dedica-se a recrutar cidadãos deficientes para trabalho escravo do lado de lá da fronteira, zurra a TV. Não sei nem me interessa se esses pulhas são os mesmos que hoje foram presentes ao juiz ( aqui na nau não comentamos processos judiciais), sei é que essa é uma prática corrente em muitos países; tratando-se de pessoas com défice cognitivo acentuado, sem autonomia para ultrapassarem de ordinário, a distância de casa ao café da aldeia, alguém os contrabandeia como gado para os lugares do lado de lá, onde são vergonhosamente tratados. Só não percebi uma coisa. Disse um dos advogados dos acusados, que os seus constituintes eram inocentes e que estavam até muito surpreendidos com a acusação: afirmação normal. Mas assim sendo, porque é que os agentes da Judiciária, que culminaram uma operação que durou dois anos (!) e que levaram os detidos ao juiz de instrução, tiveram de pedir reforços ao Corpo de Intervenção da PSP? A audiência realizou-se no Porto e não era acompanhada por protestos populares, até porque os supostos factos terão ocorrido na zona de Vila Real. O mistério dissipou-se quando na TV, um familiar das alegadas vítimas, falou em "ciganos", essa palavra mágica: quando são alvo de alegada violência, xenofobia ou racismo ( mais frequentes, ainda que igualmente deploráveis, as duas últimas formas) são "ciganos", quando são suspeitos de alegados crimes, são " cidadãos portugueses ocasionalmente residentes em Espanha".
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