HONNI SOIT QUI MAL Y PENSE: A forma como o choque tecnológico foi apresentado nas TV's, sobretudo na pública, diz tudo. Ao tom gongórico e triunfal do apresentador, sucedeu-se um divã ( "colecção", em persa, mas aqui em duplo sentido) de imagens absolutamente inócuas: meninos a chocarem contra uma parede amarela, entrevistas de rua, imagens de pessoas sentadas em frente ao computador. Depois uma declaração do ministro Manuel Pinho a explicar que 500 portugueses irão estagiar em Xangai e São Paulo para aprenderem. Ou seja, nenhum contraditório, folclore absoluto, transmissão da ideia de que algo que não se sabe bem ainda o que é, já é bom, essencial, indispensável. Onde param os jornalistas que até há bem pouco tempo tinham pesadelos com o controlo governamental dos meios de informação? Mais tarde na noite, na SIC-N, um outro ministro, outro estilo, Vieira da Silva, a explicar pausadamente as alterações ao rendimento minímo. Embora com naturais anseios em melhorar o aspecto do peixe, Vieira da Silva propõe coisas claras e nobres, como a da necessidade de dar especial atenção aos velhos: estes não se podem reciclar nem receber formação profissional. A diferença entre um e outro momento televisivo? É a diferença entre a discussão política e a pura propaganda, mas também a diferença entre um programa especializado e um telejornal de grande audiência...
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