O HERÓI: Que esta época não produz heróis, já sabíamos, Carlyle está proscrito. É difícil ser-se herói, depois de Nietzsche e de Freud nos terem explicado que tudo o que fazemos tem uma segunda intenção. Os generais, principais fornecedores de heroísmo de outros tempos, são hoje burocratas ou assassinos. Os príncipes, esquecidos do conselho de Maquiavel, misturam as suas fornicações públicas com as do povo, em alegres orgias mediáticas de imitação. Já os demagogos, os "condutores do povo", acabaram mal - enforcados por vontade própria ou não - e os políticos de hoje põem ajuizadamente as barbas de molho. O escrutínio pós-estruturalista, e os seus filhos aprendizes da fusion cuisine cultural, explicam-nos deliciados que tudo é relativo: pois que então isso de se ser herói, é muito discutível. Restam os mini-heróis, nascido em micro-úteros psico-sociais, como os bombeiros, os líderes de bandos suburbanos e os futebolistas, todos sofrendo de vida curta e esquecimento longo. Assim este Papa, João Paulo II, vindo do alfobre das religiões monoteístas, essas, as que sempre produziram um tipo especial de heróis, ocupou o lugar vago. O lugar da necessidade.
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