PARA QUE SERVE, HOJE, O 25 DE ABRIL?: « "A justiça vai-se fazendo", disse Álvaro de Sousa Mendes, neto do diplomata e presidente da Fundação Aristides Sousa Mendes, a propósito da atribuição do nome do seu avô a uma rua da vila da Lousã. "Este gesto tem para mim um significado muito importante, ainda por cima nesta data (25 de Abril) que marcou uma abertura no país e que possibilitou recordar pessoas que estavam esquecidas, metidas na gaveta", referiu. (...) "O meu avô nunca se arrependeu do seu gesto. Ainda hoje aparecem diariamente, em Cabanas de Viriato, muitos antigos refugiados para o homenagear" (...)»*. Gosto que o 25 de Abril também sirva para estas homenagens - merecidíssimas, que só pecam por tardias. Como gosto que sirva para honrar aqueles que vieram depois e se opuseram à instauração de outras formas de totalitarismo. Isso só enriquece o significado simbólico da data, elevando-a acima das querelas paroquiais entre esquerda/direita e relativizando os ressabiamentos parolos que se envergam como camisolas de uma equipa de futebol. Desde que estas homenagens não sirvam para reescrever a história. Desde que não sirvam para ir apagando da memória colectiva os nomes dos que deram o corpo ao manifesto. Falo dos que estavam cá e que, certa madrugada, abriram o peito ao risco da bala e da canhonada, quando tudo era muito incerto. Talvez não tenham sido mais importantes que os outros, mas não finjam que não existiram. É que a justiça tanto se vai fazendo como desfazendo.
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