BLOCO DE NOTAS: Vasco Pulido Valente escrevia em 2004 no Público, que o Bloco de Esquerda era uma agremiação folclórica sem qualquer peso ou representatividade políticas. Na altura rebati essa tese aqui no Mar Salgado. Agora ( na semana passada), VPV diz que o BE vai a caminho de se abastardar e de se tornar um partido igual ( leia-se, com peso e representatividade) aos outros. VPV anda há muito a perder qualidades de análise, e de caminho, a ganhar outras: a de ter razão contra os factos. O Expresso de hoje traz duas entrevistas a dois militantes ( aderentes, nãoé?) do BE que vale a pena ler. Gil Garcia queixa-se que existe "défice democrático" dentro do BE, e não percebe porque é que agora "se tem medo de falar em revoluções sociais", porque "está provado que não se alcança o socialismo pela via parlamentar". Já Helena Carmo, ex-activista da rede bombista/FUP, reclama maior "visibilidade pública" para a sua tendência, ao mesmo tempo que assume ainda "não ter uma leitura definitiva" sobre se o modelo socialista do Bloco é ou não compatível com a democracia parlamentar. É enternecedora a preocupação do Bloco-Adulto em esconder as crianças, ainda que estas revelem vagas parecenças com figuras da Revolução, como Chliapnikov ou Kollontai, que em 1921, puros e duros, se opuseram à NEP de Lenine. Mas estas crianças não fazem senão aquilo que os pais sempre lhe ensinaram. Resta saber se a outra metade, os tios do Bloco, por exemplo os universitários cinquentões, acharão piada às diatribes dos garotos.
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