CAVALOS DE TRÓIA: Por ocasião da celebração dos 60 anos decorridos sobre o final da IIª Grande Guerra Mundial, gostava de comentar duas notícias ligadas ao acontecimento. Por um lado, a manifestação em Moscovo contra as comemorações, por parte de organizações estalinistas, aos quais se juntaram grupos de "camisas negras", pertencentes a organizações fascistas (os extremos tocam-se). Por outro lado, a ausência de festa nos países bálticos, para quem o fim da guerra marcou o início da tirania soviética. Ao fim de tanto tempo e considerando a quantidade de informação disponível sobre as atrocidades do regime soviético - que, em qualidade e quantidade, não foram inferiores às dos nazis - é espantoso como ainda há certas pessoas que deixam transparecer a sua nostalgia pelos tempos anteriores ao muro. Admito o romantismo de tal posição, principalmente se tomada em liberdade, a milhares de Km de distância ou então na perspectiva da nomenklatura reinante. Na perspectiva do proletariado, dos deportados, dos assassinados, dos torturados, dos inibidos de opinião, comentário, leitura ou deslocação, a situação já não será tão romântica. Atendendo às lições que a história nos dá, da mesma forma que a nossa Constituição proíbe - e bem - a existência de organizações de índole fascista, penso que deveria ser exigível a todas as forças políticas e seus dirigentes um juramento solene de defesa da democracia. Para evitar que sob a camuflagem da "roupagem" democrática e de certas causas fashion se escondam projectos de índole totalitária (para que não restem dúvidas, apenas verbero as organizações e pessoas que defendam projectos de índole totalitária. As boas causas têm sempre merecimento, desde que em liberdade e democracia). O inacreditável número de vítimas da guerra mostra-nos o preço da liberdade, et pour cause da democracia. E esta não deve permitir que no seu seio prosperem aqueles que visam suprimi-la.
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