MINISTRO DA JUSTIÇA II: Ainda tendo em consideração o capítulo da falta de seriedade do MJ, socorro-me da sua alegação de que 97% dos processos estão parados em férias judiciais. Duvido dos números adiantados mas não tenho aqui meio de os rebater. Apenas digo que esse argumento demonstra mais uma falta de seriedade na discussão que se criou. Admito (sem conceder) que a estatística demonstre que apenas 3% dos processos são urgentes e correm em férias (devem ser todos meus...), embora me custe a acreditar que nesses 3% caibam todos os procedimentos cautelares, processos criminais de arguido preso, menores em perigo, interrogatórios judiciais, processos crime sumários, entre outros, que correm durante as férias. Mas, mesmo sendo verdadeiros esses números, o MJ ter-se-á esquecido (uma vez mais deliberadamente ou por ignorância) que durante esse período inúmeros juizes, delegados e funcionários judiciais aproveitam o tempo para tratarem da questões mais delicadas e demoradas, para as quais falta muitas vezes o tempo durante o ano (trabalho que seguramente não consta das "suas" estatísticas). Por outras palavras - e admitindo academicamente serem os números verdadeiros -, o MJ está a utilizar esses números de forma não séria, apenas para demagogicamente tentar fazer valer o seu absurdo ponto de vista. Está deliberadamente a esquecer o trabalho voluntarioso de vários funcionários públicos dedicados que durante o chamado período de "férias judiciais" se esfalfam para que a máquina da Justiça funcione minimamente. Esquece-se ainda de que todos sabem que seja num Sábado, num Domingo ou em pleno Agosto, seja onde for, todos têm acesso aos tribunais, a juizes, a procuradores, a advogados e a funcionários judiciais: pretende o Senhor Ministro enganar quem?
Quais são as tais questões delicadas e demoradas, caro VLX? É curioso que todos as referem, mas ninguém dá um exemplozito que seja. Ou poderíamos glosar um marinheiro dessa nau, que quando os professores alegaram ter trabalho nas escolas antes de começarem as aulas, escrevia mordaz: "Ai há muito que fazer numa escola sem crianças, há?".
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