MINISTRO DA JUSTIÇA: O mínimo que se deve exigir a um Ministro da Justiça é um nadinha de seriedade na exposição das suas políticas ou das ideias que defende e um pouquinho de conhecimento da área que tutela. No caso do actual Ministro da Justiça, faltam-lhe em demasia estes dois atributos. Comecemos pelo da falta de seriedade, ao fim e ao cabo aquele que é mais melindroso e que mais rapidamente prenderá o incauto leitor.
Quando o MJ vem demagogicamente acusar os tribunais (e os juizes em particular) de estarem parados durante dois meses e meio por ano não está a ser sério nem verdadeiro no seu argumento porquanto durante um mês, durante um mês inteirinho, sempre os juizes (como qualquer ser normal) estariam - ou deveriam estar - de férias. De forma que ele mete tudo no mesmo saco mas, na verdade, ele só se pode queixar de um mês e meio de férias judiciais (rectius, de suspensão do normal decurso na vida dos tribunais).
Em segundo lugar, o MJ esquece-se deliberadamente de que parte do meio mês do período a que ele se refere se cinge à época de Natal e de Páscoa, a feriados e aos fins-de-semana que esses períodos compreendem. Ou seja, quando o MJ se vem queixar, em grandes parangonas, dos alegados dois meses e meio das chamadas "férias judiciais" e acusá-las das deficiências da máquina da justiça, ele está a ser falso ou ignorante e qualquer das coisas é grave num Ministro da Justiça. É que, na verdade, ele apenas se pode queixar dos últimos quinze dias de Julho e dos primeiros quinze de Setembro (mas nem desses, como adiante tentaremos explicar àqueles que não conhecem o funcionamento desta instituição - integrando nesses ignorantes, obviamente, o próprio Ministro da Justiça actual). (cont.)
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