PAPÁ JOSÉ: Há um concerto rock em Matosinhos com bandas de skin heads: aqui d'el rei na imprensa nacional, o fascimo ressurge, etc. O jornal oficial de um partido representado na AR "tira" uma semana para louvar o revolucionário José Estaline, responsável por mais de vinte milhões de vítimas, e parece que tudo é muito natural, que o homem até era boa pessoa e que o seu projecto continua actual. É impressionante a complacência que é dispensada pela generalidade dos media a criminosos deste tipo. Qualquer déspota de esquerda tem sempre direito a uma aura de romantismo que o diferencia dos abomináveis congéneres de direita. Entre outros pormenores do romantismo de Estaline, lembro-me das anotações a lápis em pequenos despachos, em que alterava de novecentos para nove mil o número de pessoas a fuzilar, em certa povoação onde surgiam suspeitas de alguma contestação. O pormenor da anotação a lápis é bem romântico.
Sinceramente, já não tenho forças para argumentar, uma vez mais, que Hitler e o nazismo não foram "só" um despotismo de direita, igual a tantos outros de direita e de esquerda. E não deixa de ser intrigante a necessidade que certa direita tem de nivelar os seus filhos ranhosos com os filhos ranhosos dos outros. Lamentavelmente, nunca é (só) para dizer: o teu filho é tão ranhoso como o meu; é sempre para insinuar: afinal o meu filho não é assim tão ranhoso - há outros iguais a ele.
Só uma leitura deturpada deste post é que permite inferir uma insinuação desculpabilizante numa comparação com déspotas de direita. O que o post diz é que há forças políticas na nossa AR que veneram um criminoso como Estaline e que esse facto não é devidamente assinalado pelos nossos media. Acrescento que os media não tratam por igual os ditadores de esquerda e os de direita. Não me referi a Hitler e parece-me intelectualmente desonesto pretender que procuro justificá-lo com as maldades do Estaline. Com franqueza...
O nazismo era também uma doutrina de engenharia social. Com base em teorias racistas, de supremacia de uma raça, é certo, mas toda a sua doutrina visava a transformação social. A subordinação de todos por igual ao conceito de Estado-Nação imperial. A ideia de igualdade (perante os superiores valores da raça e da nação) estava inscrita na sua matriz genética. A grande acusação aos judeus era justamente a sua natureza de capitalistas sem escrúpulos e manipuladores. Não é por acaso que se denominavam nacional-socialistas e não nacional-capitalistas ou nacional-liberais.
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