PRESIDENTE À PAISANA: Segundo parece, o Presidente Sampaio é apologista de mais viaturas dissimuladas com agentes da BT à paisana - para "apanhar" em flagrante os infractores - como medida principal para o combate à sinistralidade rodoviária. Defende, portanto, as medidas repressivas. Os agentes emboscados, na esperança de capturar o incauto infractor, que será então severamente punido. Embora a componente repressiva também tenha o seu papel, custa-me que se ignore em absoluto a componente preventiva. Releva do senso comum (que talvez possa ser cientificamente contrariado - tem a palavra o nosso PC) que as infracções rodoviárias - bem como o crime em geral - diminuem com a presença visível da BT, neste caso. Penso que será sempre mais produtiva - e menos consumidora de vítimas - uma política de presença efectiva de GNR nas estradas, prevenindo o cumprimento das regras, do que uma política de disfarce e castigo, que só opera uma vez ocorrida a infracção. Na reportagem que passou nas televisões do interior do carro da BT em que seguia o Presidente essa mesma realidade foi constatada pelo próprio, afirmando ter notado que os condutores reduziam a velocidade sempre que se apercebiam da viatura radar. O capitão chegou a afirmar que por vezes se formava uma "procissão" atrás da viatura. Se se deslocava no limite do permitido queixa-se de quê?
Será talvez menos trabalhoso reprimir. Talvez por isso existam tão bons automóveis, "à paisana", para apanhar esse perigoso ser, o automobilista - sistematicamente, culpado de tudo o que se passa nas estradas -, enquanto vemos tantos outros carros das forças policiais arrastando-se numa velhice de fumarento gasóleo, seguramente incapazes de uma perseguição bem sucedida perante casos bem mais sérios do que uma infracção ao código da estrada.
Ou não fosse tão comum ouvir ou ler, uma e outra vez, que os perseguidos, neste ou naquele caso, conseguiram escapar.
Enfim, uma razão sólida haverá, decerto, para que se remeta para posição tão secundária, em matéria de circulação automóvel, o papel (o dever?) de prevenção que compete também à Administração.
A diabolização, como pressuposto(e massiva), do automobilista permite encontrar um culpado para tudo: para aquilo que de facto será culpa sua e também para os inenarráveis fenómenos que se encontram nas nossas estradas e na sua sinalização e que persistem paulatinamente, sem carros "à paisana" para encontrar os seus verdadeiros responsáveis.
Dá jeito. E - não há como negá-lo, por penoso que seja referi-lo - dará receita (coisa que um carro devidamente identificado, patrulhando repetitivamente um dado troço de auto-estrada, por exemplo, não daria).
Dá jeito. E será seguramente menos trabalhoso, por exemplo, do que interceptar e fiscalizar as condições de tantos carros - e "pesados" (para não falar de motociclos) - que circulam, mesmo que a "vinte à hora", em condições de iluminação, de acondicionamento de carga, de iluminação, verdadeiramente aflitivas.
Essas «procissões», que eu já tive a honra de integrar, provam que, se toda a gente cumprisse o limite de velocidade, as auto-estradas estariam permanentemente entupidas.
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