FALTA DE APETITE: Perguntam-me por vezes porque tenho escrito menos, não acreditam que seja apenas por falta de tempo. Confesso que realmente não é. Falta-me também o ânimo. É que não é muito agradável escrever sobre um país onde o Estado guloso praticamente se limita a aumentar alarvemente os impostos, dificultando a vida às pessoas, às empresas e à economia em geral, ao invés de reduzir os seus gastos sumptuosos, em que o Governo, perante a seca, o verão quente e o flagelo já conhecido dos fogos, não tem preparados os aviões e helicópteros para combater os incêndios que já percorrem o país, ou então escrever sobre um país em que o Governo não tem organizada a logística para o início da época balnear; escrever sobre um país em que as autarquias nos desorganizam com a realização atabalhoada de obras para as eleições, atrapalhando tudo e todos e sem o mínimo respeito pelos munícipes, ou em que os autarcas fazem obras a contar com um ovo na galinha, que não se sabe se o metro o trará, escrever sobre um país em que o MNE vai para as conferências de imprensa falar das suas opiniões pessoais ao invés de falar pelo Governo, escrever sobre um país em que um político supostamente responsável apela a que determinados grupos económicos ajudem a pagar o défice (não se sabendo se com contribuições, esmolas ou outras figuras afins), défice esse que o Governo não consegue ou não quer combater, um país onde os Ministros tomam resoluções antes de perceberem como funcionam as áreas que tutelam, um país onde um qualquer responsável (??) por uma qualquer área da saúde defende que os médicos deveriam abdicar das suas férias para irem, trabalhar (permitindo-lhe, imagino, ir sossegadinho de férias), enfim... num país destes, poderão existir muitos motivos para escrever mas a triste realidade retira vontade. Escreve então sobre restaurantes, dizem-me. Também não dá: tudo isto tira-me o apetite.
Percebo o teu desalento, também o partilho. O país está mais pobre, sobreiros arrancadoss, datas alteradas em documentos oficiais, segurança social colapsada, um défice escondido em receitas extraordinárias... como te compreendo. Perguntei a um amigo, que tem responsabilidade de destaque numa das maiores empresas portuguesas, porque tinha votado azul? Ele respondeu-me sabiamente... "porque pensava que eram diferentes!"
P.S. Caro Vasco, este comentário não se prende contigo, mas é somente um desabafo sobre a classe política... foram-se os sonhos!
Tem toda a razão, caro VLX. E estranhei como um campeão da indignação como você, esqueceu neste inventário do desânimo, os últimos actos de governantes sempre prontos a pregar a moral a Deus e ao interesse público, a probidade e a devoção a Portugal; que mal lhes ficou autorizarem negociatas deseperadas já a caminho do apeadeiro, não foi?
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