FÉRIAS JUDICIAIS (last, but not the least...): há uma coisa nisto tudo que eu ainda não compreendo. Esta atitude politiqueira inventada pelo governo de reduzir as férias judiciais, em boa verdade, afecta pouco os magistrados. Aqueles que eram cumpridores, certamente continuarão a sê-lo (mais desagradados, provavelmente, ou mesmo ofendidos), e os que não o eram também continuarão na mesma (agora cobertos pelo manto justificador da ofensa). A medida vai prejudicar, principalmente, os advogados, para quem alguns prazos continuarão a correr por períodos enormes (sendo que muitos prazos, de processos cada vez mais utilizados, já nunca se interrompiam). A coisa é particularmente grave quando se pensa no clássico advogado, sozinho, como ainda há muitos pelo país fora, que utilizava aqueles quinze dias de Julho para arrumar as questões, o mês de Agosto para descansar e os primeiros quinze dias de Setembro para preparar os novos processos do ano (ou poderão os advogados fazer férias - e assim suspender os seus prazos - também a partir de 15 de Julho, com mais seis dias durante o ano?...).
Esse advogado solitário - base da profissão - vai deixar de ter férias (propriamente ditas) e, se o advogado não tem férias, a população que necessita de advogado é quem vai ficar mal. E a justiça deveria servir essa população.
No meio disto tudo, compreendo mal que o Bastonário dos Advogados vá à televisão dizer umas balelas sobre um tipo que se charrou no Dubai e esteja caladinho quanto a este problema.
Acho então que devemos organizar o país não só em função do advogado que trabalha sozinho, mas também do arquitecto que trabalha sozinho, do engenheiro que trabalha sozinho, do médico que trabalha sozinho, do contabilista que trabalha sozinho, do designer que trabalha sozinho, e por aí fora.
Conclusão, todo o país deve passar a gozar 60 dias de férias anuais para assim essas pessoas ganharem algum tempo para poderem organizar os seus processos.
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