REPETIÇÃO: O amor não é esse negócio obtuso de partilha e respeito que os jograis patetas cantam por aí. O amor é dominação e violência. Não a dominação suburbana dos imitadores do pobre Marquês nem a violência do bagaço sobre a porca. O amor mata o tempo, não mata? Então se mata o tempo, mata tudo. Respeito e compreensão devemos aos velhos. Aos amores roubamos isso e mais. Pensar - nunca dizer - em ficar com alguém até de manhã ou até ao fim da vida, é a mesma coisa. A mesma história de violência e de dominação. O outro é personagem amável, só está lá para isso. Depois preenchemos a história com garotos ou com mentiras. Ou com outra noite. E quando o amor se vai, imaginamos ele a voltar, a trote. Não é violento, é o quê? Se ele vem, nós já sabíamos, se ele não vem, acabou. O amor é doce? Visita cemitério que vais ver como te fica a língua: esburacada, de tanto repetir violentamente as mesmas palavras.
Se calhar é apenas isso que recorda do que foi amor, da dominação ou da violência, porque realmente concordo que não há paridade, nem sequer um grande sentido de justiça. Mas tantas outras coisas que o definem, que não passam obrigatoriamente pelo kistch dos livros da barbara cartland. Por vezes (não é todos os dias) invade-nos uma ternura imensa. Uma ternura que nos ultrapassa, que nos arrasa, quase que acreditamos que o amor nos torna melhores pessoas, porque aceitamos outra pessoa na nossa vida com tal entrega e entusiasmo como nunca fizemos para com a nossa família, com os amigos, connosco. Não dura sempre, mas é bom acho. E se calhar volta, de vez em quando, como vagas. Enfim, não azede que isso é o pior. As suas palavras, essas sim, são violentas. (e apesar do tom de sentença, percebo que também não percebo nada do tema)
"As pessoas raramente mudam,a não ser através de uma dor insuportável: quando aliviamos a dor de outra pessoa, muitas vezes sabotamos a motivação dessa pessoa para mudar. É por isso que muitos dos nossos esforços para resolver os problemas dos outros acabam por prolongar e perpectuar esses problemas. Infelizmente, quando amamos demais, a tolerância que o outro tem à dor é normalmente maior do que a nossa tolerância para assistir. Em vez vez de tentar resolver os problemas, precisamos de nos afastar das suas consequências." Robin Norwood (1997)
O amor como paixão, o amor como paixão, o amor como paixão... Filipe, quantas vezes tenho de repetir para me livrar do mau olhado? Tenho impressão que basta uma leitura do Luhmann. Não há nada como passar do amor como paixão à intimidade como código para acabar com angústias de tal índole. P.S. Este texto é pesadinho.
Mar de opinioes, ideias e comentarios. Para marinheiros e estivadores, sereias e outras musas, tubaroes e demais peixe graudo, carapaus de corrida e todos os errantes navegantes.