BRINCADEIRAS DE CRIANÇA IV: Aqui chegados, pressupõe-se que o jovem leitor já assimilou algumas das regras do jogo, a saber: ele não pára, funciona durante todos os 365 dias do ano - com excepção de algumas jogadas -, existem inúmeros jogadores, cada um na sua especialidade, os espectadores (utentes), principalmente os mais necessitados, nunca deixam de assistir e de intervir no espectáculo. E grande parte da dificuldade do jogo está no tempo disponibilizado para se jogar, o qual nunca tem intervalos que não estejam previamente definidos, regulamentados, sendo necessariamente iguais para todos. Acrescento algumas regras, estas iguais a todos, jogadores ou não deste jogo, e destaco esta: toda a gente tem direito ao seu xi-xizinho. Seja ele de 22, 25 ou 28 dias, toda a gente tem direito a passar esses dias sem nada fazer, sem jogar, sem trabalhar, a coçar a barriga, em plenas férias, e contínuas se isso lhe aprouver. Pois estes jogadores de ping pong também: eles têm de poder estar esse período sem nada fazer. Mas o nosso Ministro da Justiça, que nunca leu - ou se leu não percebeu - as regras do jogo, veio dar um murro na mesa e dizer que os 31 dias de Agosto chegavam para o xi-xi, apenas porque o partido dele o tinha prometido (se eu estiver a ir depressa demais, o leitor de 6 anos que me avise).
Acontece que não chegava: se fossem todos os milhares de jogadores fazer xi-xi ao mesmo tempo, no mês de Agosto e só nesse mês, seguidinho como é seu direito, o jogo parava, o espectáculo parava. As pessoas, mesmo com bilhete, ainda que com bilhete vip como costumam ter os ministros e certos deputados, chegavam ao auditório e não havia nada, estava tudo vazio, não havia jogo, não havia jogadores, não havia árbitros, auxiliares, apanha-bolas, nada! Não havia jogo nesse mês de Agosto e, cumprindo-se todas as regras do fabricante, não havia jogo ainda para lá desse mês. (cont.)
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