G-8 (II): Ainda em convalescença da crise de nervos provocada pela transmissão da RTP do Live 8, à medida que a memória recupera algumas das imagens do evento vou tendo algumas recaídas. Lembrei-me que as pequenas intervenções de personalidades como Kofi Annan, Bill Gates ou mesmo Bob Geldorf, juntas não ultrapassaram uns três ou quatro minutos. Obviamente e em benefício do espectáculo e, indirectamente, em beneficio da adesão a esse mesmo espectáculo e à causa que ele representa. Em Portugal, fomos obrigados a aturar um grupinho que teve quase tanto tempo de antena como os artistas, sobrepondo-se a largas partes do espectáculo. Mais do que a economia, é este tipo de terceiro mundismo - o qual, infeliz e necessariamente, terá que traduzir alguma coisa da mentalidade reinante - que me deixa deprimido e apreensivo quanto ao futuro do país.
Live8 transmitido, em grande parte, na RTPN, deixando de fora muita gente que não tem tv cabo. Já não é a 1ª vez que temos estes exemplos de serviço publico: há umas semanas, o canal de serviço publico deixou de transmitir o hino Portugues durante um jogo de futebol entre seleções principais, para dar publicidade. Será que isto acontece porque o regime da função publica se aplica á RTP? Ou porque as clausulas indeminizatórias dos altos quadros da RTP são pornográficos e, por isso, eles tentam por tudo que os mandem embora?
Apesar dos idiotas dos comentadores da RTP, acho que o espectáculo foi conseguido e teve a sua utilidade. Definitivamente não alinho na displicencia intelectual pela iniciativa, nem pelos arautos da sua inutilidade. Acho que foi um belo esforço por uma boa causa. Não se esqueçam nunca de que a este ritmo, o ratio rico/pobre fica de tal forma elevado, que aos ultimos basta-lhes começar a andar, que acabam com a nossa abundância num instante.
Mar de opinioes, ideias e comentarios. Para marinheiros e estivadores, sereias e outras musas, tubaroes e demais peixe graudo, carapaus de corrida e todos os errantes navegantes.