MOELAS: Em Guantanamo, alguns exemplares do Corão foram deitados para a sanita e levantou-se um charivari dos diabos, também Portugal. Em 1979, em Kabul, por todo o lado ardiam fogueiras alimentadas por milhares de exemplares do Corão. Quem os queimava era o novo regime de Taraki, prontamente reconhecido pela URSS. Querem apostar que alguns dos que agora se indignam e escrevem longos textos sobre a diginidade cultural e religiosa do Islão, por essa altura já cá andavam, calados e sossegados? E o que é pior, com a goela aberta ou fechada, sempre com o mesmo tom de insuportável superioridade moral?
Caro Antonio: penso que para certas pessoas ( e não sempre para as mesmas), a dignidade cultural e religiosa do Islão é um valor altamente subjectivo e circunstancial, embora essas mesmas pessoas queiram apresentá-lo hoje como um valor absoluto. Era esse o meu ponto. Guantanamo foi citado como um exemplo recente. Apenas isso.
caro Antonio: também já percebi o seu ponto. O meu texto, julgo, deixa implícita a resposta: violência simbólica num plano de absoluta e contingente superioridade ( uma cadeia). Foi Freud que disse, quando os nazis queimaram os seus livros, que a humanidade estava a progredir, porque noutros tempos tinham-no queimado a ele. Não sou tão optimista, mas isso fica para outras andanças. Um abraço pela atenção e espero que para a próxima eu possa saber com quem estou a "falar".
FNV, então sempre é verdade que alguns exemplares do Corão foram deitados pela sanita abaixo? E o que pensa disso, independentemente do que os outros pensem sobre o que quer que seja?
Caro FNV, eu sei bem que esse era o seu ponto. O que eu lhe perguntava é o que pensa sobre o assunto. O assunto ?exemplares do corão pela sanita?, claro, não o assunto hipocrisia, que é eterno, que atravessa a esquerda e a direita, e que vai sempre a tempo de ser discutido.
Caro FNV, está precisamente a falar com o António, que é de Coimbra e mora na Lousã. E já percebi, pronto, já percebi. De qualquer maneira, não acho nada que essa tal violência seja simbólica ou se insira na lógica da "cadeia", como eu a aprendi, como eu a entendo, e como a entendem todos aqueles que defendem os direitos humanos, conceito que não é de esquerda nem de direita. Enfim, nada a ver com a tal absoluta e contingente superioridade da "cadeia". De resto, a tal violência é de facto preferível a lançar os próprios prisioneiros pela sanita, and so on. Um abraço.
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