PELA HORA DA MORTE: Gosto pouco que qualifiquem moralmente os meus textos sem que ao menos os tentem discutir*. Em "100 VÍRGULAS", talvez o estilo tenha encapsulado o essencial. Aqui está ele: Comecemos por um silogismo simples no qual a validade da premissa inicial faz toda a diferença:
a) Numa guerra, ambos os contendores uitilizarão todas as armas que possuirem. b) A coligação e a Al Quaeda estão em guerra. c) A Al Quaeda utilizará todas as armas que possuir.
En passant a simplificação identitária das partes beligerantes, o que digo é que se a Al Quaeda ( ou parte dela, ou o que raio ela for ) puder utilizar armas químicas no centro de Washington ou de Roma, utiliza. Veremos então se o diálogo continuará a ser uma patetice. O que vejo, como parte viva e interessada, são bazófias ocidentais. De dois géneros: a bazófia do vamos acabar com eles e a bazófia do podemos aguentar com eles. A primeira pretende convencer-nos que se pode derrotar um inimigo novo - não tem território certo, nem nacionalidade específica - com armas velhas: invasões, coligações, campos de prisioneiros. A segunda ilude o próprio bazofiador: aguentamos isto até um certo ponto, até não nos envenenarem a água ou matarem tantos dos nossos de uma só vez, que seja impossível ler uma lista dos nomes dos cadáveres sem adormecer. Não se dialoga nem se negoceia com terroristas? Dialoga-se e negoceia-se com tudo o que mexa, se essa for a condição para continuarmos vivos. Os bravos que hoje dizem o contrário, batendo com a mão no peito ainda não estão em posição de o compreender. Cá estarei, infelizmente, para no dia em que a parada se tornar insuportável, os ver elogiar os esforços diplomáticos que na altura se desenvolverem. Significa isto, neste momento, covardia e capitulação perante o terror? Se o quiserem, sirvam-se. Prefiro pensar que o meu silogismo barato é convenientemente realista. Negociar (para negociar, que eu saiba, é preciso dialogar) não significa necessariamente capitular ou ceder. Significa, numa zona de incerteza obscura e perigosa, procurar obter vantagens para o nosso lado. Uma das partes nesta contenda já negociou no passado e em muitas ocasiões, com os piores facínoras. Dir-me-ão que a outra parte não quer nada que lhe possamos dar; claro que quer, quanto mais não seja, as nossas vidas. Aí está uma belíssima base para negociação: o que eles pretendem, aparentemente não é sujeito a negociação, mesmo para eles. Se com eles ( e este essencialismo do we-they é sempre redutor, mas enfim...) conseguirmos negociar, já estaremos a ganhar. Se a conclusão do meu silogismo não se referir a berlindes, naturalmente.
* Refiro-me ao comentário do Pedro Picoito ao meu post "100 VÍRGULAS". O Pedro habituou-me à discussão e não à qualificação pura e simples. Mas não se perdeu nada, acabou tal qualificação por ser um pretexto para desenvolver um pouco o tema.
Ao Azia: Obrigado, erro corrigido, mas infelizmente não por muito tempo: sou um caso perdido nos advérbios de modo. Já quanto ao "salto de lógica", fui naturalmente ler o que você escreveu sobre os atentados de Londres e acho bem que fique pelas correcções gramaticais ( O Azeite e Azia, entre outros "raciocínios lógicos", trouxe os vietnamitas à baila).
Não é verdade Israel por exemplo não usa todas as suas armas, por isso é que está em guerra há 50 anos.
E o teu primeiro erro é o mesmo que os Europeus e Americanos têm forçado Israel a cometer: assumirem que está do outro lado alguém com controlo sobre as suas tropas.
A consequência dos casos que dizes será que qualquer muçulmano será pura e simplesmente perseguido/expulso ou posto em campos de concentração e o Irão e a Arábia Saudita serão ocupados ou transformados em cristal ... se a razão não funcionar a intimidação da destruição absoluta forçará qualquer sociedade a controlar os seus... ... claro que haverá vários degraus até se chegar a isso.
...Com a cretinice a continuar a dar esperança aos grupos da Al-queda com a preponderância das discussões sobre Guantanamo e afins sobre coisas bem mais importantes e com certas pessoas mais preocupadas com ganhar votos do que ganhar a guerra ao contrário do que aconteceu na 2º GMundial para lá caminhamos.
texto muito interessante, sem dúvida. mas se há coisa que me incomoda mais que um salto lógico errado é ver uma gralha grosseira grassar impune. palavras terminadas em -inho ou -mente, em português, não são acentuadas. para tal se exclui a utilização do til, que não funciona como acento tónico. assim, embora "pela hora da morte" me pareça um texto necessário e mui pertinente, não havia necessidade de acentuar "necessariamente".
FNV, permita-me que lhe envie um comentário dum observador espanhol to do fenómeno do terrorsimo islâmico actual, e da Al Qaeda em particular citado num site de David Ugarte (outro especilista no assunto, criador do site "deugarte.com".)
Para não dirimir outros argumentos, este pequeno texto realça a falta da articulação da Al Qaeda.E assim, quem seria o interlocutor do diálogo? Duma organização que precisamente, não é organizada? Aqui vai:
"El modelo de organización para el que está pensado la ?Enciclopedia de la Yihad? es una organización distribuida. Una organización que según los parámetros clásicos no es tal, sino una ?red social?, esto es, una red distribuida de personas que no se articulan formal ni jerárquicamente. Una red de afinidad en la que la tecnología militar clave (el know how) es público y la línea política queda a la interpretación personal a partir de comunicados que ya se encargan de difundir las grandes cadenas globales de televisión y folletos y revistas que pasan de mano en mano y servidor a servidor en Internet. Unamos las tres piezas para entender las claves de AlQaida y lo que representa realmente su lógica netocrática. Como recordábamos el 11M, y forma parte del acervo básico de los analistas en todo el mundo1, terrorismo de red, netwar:
Netwar refers to a mode of conflict involving measures short of traditional war in which the protagonists are likely to consist of dispersed groups who communicate, coordinate, and conduct their campaigns in an internet-based manner, with no central command.
Guerra de red se refiere a un modo de conflicto que incorpora medidas cercanas a las de la guerra tradicional, en el cual los protagonistas tienden a consistir en grupos dispersos que se comunican, coordinan y conducen sus campañas en un modo semejante al de Internet, sin ningún comando central."
e ainda:
"La colocación de las bombas en estaciones de metro de segundo orden (excepto Ling?s Cross) y cercanas a los límites de la zona en la que vive la comunidad musulmana en Londres me lleva a pensar, no en equipos locales, conocedores de la realidad del transporte urbano, idioma y comunidades musulmanas de Londres, sino mas bien en el injerto ( al estilo Jean Valjean) de varias células de mujahidines ( al menos dos, perfectamente sustituibles) .
Células sin contacto con el entorno ( especialmente sin contacto con los líderes de la comunidad musulmana , en permanente vigilancia policial) pero perfectamente mimetizadas con el paisaje, del que sólo han salido para realizar los atentados y sin necesidad siquiera de conocer el idioma local."
A "Enciclopédia da Jihad" é uma espécie de guia para terroristas islâmicos da Al Qaeda com cerca de 7000 páginas distribuídas em CROM, já descrito em Novembro de 2001 pelo jornal "The London Sunday Times"
Caro Filipe Peço-lhe que leia a minha resposta na Mão Invisível. Espero que não se importe com a publicidade, mas a questão transcende o âmbito meramente pessoal e a MI é o meu espaço público. Não fiz links para o Mar Salgado porque, para minha eterna vergonha, não sei como se faz tal coisa. Como vê, estou bem pouco preparado para as guerras do futuro...
Mar de opinioes, ideias e comentarios. Para marinheiros e estivadores, sereias e outras musas, tubaroes e demais peixe graudo, carapaus de corrida e todos os errantes navegantes.