A VERY ORDINARY JOURNEY TO DEATH: A história do Sr. Jean Charles de Menezes, morto com cinco tiros na cabeça disparados à queima-roupa por agentes policiais à paisana quando se dirigia para o trabalho, ilustra, de forma particularmente chocante, como as políticas anti-terroristas são um assunto de todos nós. Não vale a pena começar a discutir as coisas atirando as responsabilidades para os terroristas, sem o quais "nada disto aconteceria". Isso é óbvio - só que, existindo o problema, as instituições são responsáveis pelas políticas que adoptam. Também se sabe que o assunto é muito delicado: por um lado, está fora de causa a legitimidade de atirar a matar contra um terrorista suicida para o impedir de fazer detonar os explosivos; por outro lado, qualquer erro de avaliação tem, como teve, consequências dramáticas. A responsabilidade das autoridades está, então, na máxima redução possível dos riscos de erro e na aceitação de que a dúvida não pode ser fundamento para atirar a matar. Foi precisamente isto que parece não ter acontecido no caso do malogrado Sr. Menezes. Basta pensar: este homem até tinha visto de permanência no Reino Unido. Mas quantos imigrantes ilegais pararão à ordem da polícia? E será de todo anormal que um law-abiding citizen entre em pânico quando ouve um grupo de homens desfardados e armados a mandá-lo parar? E aqueles muitos que percebem mal o inglês? Admitamos que a roupa o tornava suspeito. Mas, quando chegar o Inverno, qual será o critério? Tudo isto é muito pouco para tomar a decisão de matar alguém com um tiro na cabeça. É fundamental que as autoridades percebam que nós, o povo que se quer proteger, não estamos dispostos a pagar a protecção com a vida, ao menos naquelas condições. De outra maneira, os terroristas continuarão a ganhar com a suprema perversidade: pôr o Estado a matar a ordinary people que vai de manhã para o trabalho.
É óbvio que se num espaço de 15 dias Londres foi atacada por bombistas suicidas, matando dezenas de pessoas, um indíviduo que desate a correr à ordem de paragem da polícia, saltando os carris do metro,se torna altamente supeito, arriscando a vida por não obedecer a uma ordem legítima.
Não é o ideal numa democracia.
É uma excepção, num tempo de excepção, e os cidadãos têm é de interiorizar esse tempo de excepção e ajudar a polícia.
Obviamente que a policia tentou impedir que mais pessoas pudessem morrer, sacrificando uma vida para poupar a de muitas mais.
Tenho a certeza que a actuação da polícia irá ser escrutinada, porque confio na mais antiga democracia no mundo.
Foi um erro trágico e já toda a gente o admitiu. Mas a vítima saiu de um edifício vigiado por albergar muçulmanos suspeitos, levava uma mochila, foi seguido pela Polícia, entrou no metro, saltou a barreira de segurança, foi-lhe ordenado que parasse por agentes à paisana (que provavelemnte se identificaram como tal), não obedeceu e tentou entrar a correr numa das carruagens... O seu comportamento não foi suspeito? A reacção dos polícias não é razoável? E se ele fosse realmente um bombista e eles não tivessem disparado porque "a suspeita não é fundamento", como tu dizes, não estaríamos agora a lamentar mais cinquenta mortos? E os mesmíssimos polícias que dispararam não seriam acusados de uma inacreditável falta de preparação para lidar com o terrorismo? A Polícia inglesa já anunciou que irá abrir um inquérito. Se isto fosse na Espanha do tolerante PSOE, teria reactivado os GAL. E nem quero pensar no que fariam as democracias islâmicas ou latino-americanas, a começar pelo Brasil dos "esquadrões de morte" que exigiu desculpas públicas...
Sorry, not five but eight ! deadly shots in the head of someone already on the floor ! You know, the skin colour didn't help much! I can not recall during IRA bombing in London that the police ever shot any blond or brown haired person.
Eu concordo com medida. Mas discordo da sua aplicação nesta ocasião(com os dados disponíveis): Se fosse um bombista suicida poderia ter explodido muito antes, a perseguição ainda durou um bom bocado. A policia falhou completamente ao deixá-lo entrar numa carruagem.
"CONTRARY TO the absolute lies told in British media in recent days, the Israel Defense Forces have not instituted a shoot-to-kill policy, or trained the British to carry out one. For example, on Friday, at the very time British police were shooting the man in the Tube, the IDF caught and disarmed a terrorist from Fatah already inside Israel en route to carrying out a suicide bombing in Tel Aviv. Israeli forces didn't injure the terrorist at all in apprehending him and disarming him of the 5-kg. explosive belt he was wearing."
como diz o luclucky a polícia falhou. e falhou muito antes de os polícias do metro lhe mandarem 5 tiros na cabeça. (nem se percebe se foram os mesmos).Porque a responsabilidade na vigilância é da Scotland Yard e essa é que teve a grande falha. De resto podem ter sido uma sequência de infelizes coincidências. De qualquer forma se foram polícias à paisana que gritaram e apontaram armas, a fuga é justificada. E as justificações de muita roupa com 15º são um enorme disparate. Há que ter a cabeça fria e não desatar a analisar todas as ocorrência com base em ideologias. Isto foi um acontecimento real e eu não preciso de ser anti-idiota útil para reconhecer que houve grande falha.
incomoda-me é que haja sempre quem já tenha o discurso pronto de acordo com a barricada em que se enfiou.
o facto de ter saído com mochila e de edifício vigilado é mais uma agravante e nunca uma desculpa. Se assim era deia ter sido inspeccionado antes e nunca esperar que entrasse no metro "com ar de bombista"
Foi uma vergonha para a Scotland Yard. O resto é conversa.
e com isto nem sequer estou a por em causa a medidada de disparar a matar na cabeça. A questão não foi essa. Este estava mal vigiado antes da dita medida ter sido aplicada.
só para chatear o Anonymous aqui vai mais um comentário:
é nestas pequenas coisas, nestes simples comentários a um facto que se distinguem os "poetas" dos realistas. Vejam lá se o lucklucky precisou de ir buscar a "cartilha" de gajo de direita para justificar o que viu logo (e bem) como uma falha...
Transcrevo um artigo da página 3 do Financial Times de hoje (edição de Londres):
"Justification for firinig eight bullets demands a heavy burden of proof
The revelation that police fired more rounds than first stated at a man who proved to be innocent poses questions over interpretation of firearms guidelines, writes Jimmy Burns
The man shot dead by police on Friday received seven bullets in the head and one in the shoulder, it has emerged.
Earlier witness reports had suggestted five shots were fired, but yesterday's confirmed details are likely to put fresh pressure on the police.
They emerged at an inquest into the death of Jean Charles de Menezes, a Brazilian electrician, which opened at Southwark coroner's court.
Senior police sources at the weekend confirmed that de Menezes had been killed in line with shoot-to-kill guidelines for officers when facing a terrorist they suspect is about to detonate a bomb.
However, police insiders accept that there are serious questions over exactly how the guidelines were applied in this case. One police source said those trained in the new guidelines knew that one bullet in the back of the head was sufficient to disable a suspect bomber.
But a report from the scene suggests Mr de Menezes was shot first after entering a Tube carriage and then shot several times more while being pinned on the floor. According to one police source, the victim was shot so many times he was beyond recognition.
At least one police officer is thought to have shot de Menezes with a Glock 17 pistol, which holds 17 rounds and has a maximum effective range of 15 metres.
The officer or officers who fired at de Menezes are thought to have been taken off firearms duties although not formally suspended pending an outcome of and investigation by the Independent Police Complaints Commission.
Speaking yesterday as the investigation got under way, Nick Hardwick, chairman of the IPCC, promised a thorough inquiry and said he was confident he would be given access to all the information he needed. Despite tensions between the police and independent bodies that question their professionalism, Mr Hardwick said he felt reassured by a 'commitment of support' from Sir Ian Blair, the Metropolitan police commissioner.
'We enter this with open minds, as we search for the truth, and we have accepted the full co-operation of the Metropolitan police service, which they have pledged,' Mr Hardwick said.
One of the questions the IPCC will attempt to answer is the nature of the intelligence that led a surveillance team to follow de Menezes, who had no known terrorist links and who was not among the photographs identifying suspects in the London bombings.
Police have yet to explain why, if the suspected he was a suicide bomber, they allowed de Menezes to walk, take a bus, then get off and walk to an underground station before deciding to shoot him.
Officers took the decision after de Menezes was seen breaking into a run, although it remains unclear whether the plain clothes police identified themselves and challanged him first.
The investigation is also looking at the chain of decision-making that was involved in the handover from the surveillance team to the armed unit. Under the shoot-to-kill guidelines, the officers are supposed to get authorisation from a senior commander who is linked electronically and can order a 'go' in seconds.
According to human rights lawyers, the police force face a 'heavy burden' in proving that the killing of a man mistakenly was legal.
Helen Shaw, co-ordinator of campaign group Inquest, yesterday called for a thorough and transparent investigation. 'Serious questions need to be answered about the intelligence and operational process that ultimately led to this [de Menezes's] death,' she said."
Perdão pelo tamanho excessivo do "comentário" mas pareceu-me um artigo interessantíssimo, sob vários aspectos.
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