GAZA II: Interessante artigo ontem publicado no Daily Times por Shlomo Avineri, professor na Universidade Hebraica de Jerusalem e ex-director-geral do Ministério dos Negócios Estrangeiros de Israel. Avineri estabelece uma comparação entre o conflito Israel-Palestina e o Kosovo, a Bósnia e Chipre. Em Gaza a solução parece passar mais por uma política de apaziguamento unilateral, sem acordos ou tratados necessariamente formais. Ambas as partes, diz Avineri, terão de fazer o luto pelas negociações permanentemente falhadas e passar ao terreno. Isto é tão mais interessante quanto a diplomacia clássica sempre teve como certo que a boa solução é a solução possível, ou dito de outro modo, "a verdade é aquilo sobre o qual chegamos a acordo". A prática de pequenos passos unilaterais ( às vezes não tão pequenos quanto isso...) terá a vantagem de não criar expectativas excessivas, e obrigará os actores a pensar sobre o que se passa, e não sobre o que se deveria passar.
- Augusto, quem pensas que és? Achas que o mundo gira em torno de ti?
- Não compreendo, mamã! Sou apenas teu filho.
- Filho, agora dizes que és meu filho. Não observas o que me está a custar a tua vaidade?
- Mamã, não sei do que estás a falar. Não sei o que te dizer.
- Diz-me a verdade, só isso. Não precisas de me dizer nada além da verdade.
- E o que é a verdade, mamã.
- Verdade, criatura! "a verdade é aquilo sobre o qual chegamos a acordo"
- Mas eu não acordei com nada!
- Não importa, menino. Ainda assim tens que conformar com a verdade.
- Qual verdade, mamã? Há tantas verdades!
- Sim, há muitas verdades. Só uma, porém, prevalecerá. É com esta que tens deve se conformar.
- E como saberei qual é esta verdade, mamã?
- O que estás a dizer? Todos sabem! É evidente.
Augusto calou-se. Pensava por um momento, enquanto sua mãe, vertendo lágrimas, apoia-se em uma mesa na qual estava servido um belo jantar, com toda aquela prataria maravilhosa à mesa e diz, aos prantos:
- Não posso acreditar. Finalmente aconteceu.
-O que aconteceu, mamã?
-Enlouqueceste!
Algumas horas depois via-se uma ambulância saindo de casa de Augusto. Sua mãe, presa em uma camisa de força, era levada por dois enfermeiros com feições nada amistosas. Um deles parecia-se o Nicholas Cage. Quanto a Augusto..., o que se pode dizer? Libertou-se, e podia ver Berlim no momento em que quisesse.
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